(tudo
porque me arrancaste a pele
rasgaste
a alma, levaste contigo os sonhos
deixaste-me
apenas a lama e a sede)
Procuro
frinchas nas paredes nuas
portas
seladas deste Eu que procuro.
A minha
solidão não é invenção
é escada que
só desce.
Os pássaros
por mim nem cantam
nem a flor
murcha que reti na mão,
ficou.
São vielas
escuras e escusas que me percorro
sem luzes de
candeeiros; amareladas.
A noite
corta-me com golpes traiçoeiros
a alma.
Sufoco entre as coisas mortas.
Arrasto
comigo sombras esquivas pelo chão,
brando-as
como mágoas flageladas,
rumos de
brisas, ventos e giros de cata-ventos
no desnorte,
escrevendo no meu corpo sem pele, versos
sem rima.
Arrasto-me
neste chão de choros perdidos,
procuro de
borcos esse lado frígido
da cama.
Procuro na
minha sede, o sabor perdido,
da água.
Jorge d'Alte