Arrebentei com as portas
fechadas!
É tempo de acabar com o
mesquinho das fachadas,
mesmo que pintadas de preto
e branco.
Não quero esses sombreados
que nos confundem
como sombras chinesas, neste
teatro.
Quero ver esses rostos e
amá-los,
ou cuspir-lhes em cima nessa
hipocrisia
sacrossanta.
Descarnei a alma e deixei-a
a secar
em papel de jornal.
Tirei-lhe os podres como
poda,
deixei-a de novo vingar em
raminhos tenros
e botões a fecundar.
Vós que me olhais, porque
não me sentis?
O meu diagrama está
diagrafado,
linhas e curvas contornam
sentimentos.
Não me detractem!
Não detonem essa bomba
sub-reptícia
no sorrateiro, pelas costas.
Sublevo, não na fúria ou no
ódio,
sublimo este amor que trago
dentro.
Não quero sublinear com actos
do inferno!
Deixemo-nos de treitas,
treliças que não suportam
esse vão entre o bem e o mal
e nos despejam nesse vazio,
onde não somos.
A custo voltarei a abrir a
escotilha do meu peito,
que trará a luz, me tirará
dos brejos.
Frondosos dias alumiarão
este caminho,
que ora se estreita ou
alarga com agras ladeiras,
de permeio,
fazendo ressurgir nas portas
escancaradas,
todo o meu amor!
Jorge d'alte