Alvaro Causou a tempestade que caiu como raio sobre nós os três
Raquel. Estava deitada no seu leito juntamente com Paulo
Entrei no quarto de mansinho
ajoelhei-me junto á cama, afaguei aquele rosto molhado, colhi uma lágrima
cristalina com a concha da minha mão. Corria desesperada de um lado
para o outro perdida.
Bebi-a e guardei-a no meu coração
Selei os seus olhos com o afagar
de um beijo e os sonhos vieram pesados apanhando-a num mundo negro, oco e sem
som de ti (Alvaro)
Olhei para Paulo que num meio sorriso
me olhava aparvalhado de tanta tristeza
Sentei-me a seu lado, afaguei-lhe
a cara e a farta cabeleira, toquei seus lábios com os meus. Selei com amor de
irmão as palavras que teimavam em não sair e no peso dos olhos os sonhos caíram
e dormiu.
colhi o sabor triste dos seus lábios e guardei-o no coração
Sentei-me solitário no gelado vão
da janela com vidraça.
As tuas palavras varreram o
espaço como vento trazendo nas pontas como acerados espetos gotas em palavras de ti
(Alvaro)
A vidraça é a minha força, esta
força que tenho cá dentro e que como Cristo morrendo tudo venceu…..
De olhos abertos sonhei teu rosto, teu corpo
No escuro tentei desenhar teu
corpo nu que não vi
Tentei escrever nele as palavras
que me embaciam os olhos e me embargam a voz e o vazio respondeu-me com o som
do silêncio atroz
E os sonhos não vieram quando a
luz emergente silenciou a noite e se ergueu ufana no meu céu de dor desespero e
solidão
Raquel abriu seus olhos com
sorrisos
Paulo soltou um som sem sentido com
a sua garganta seca
Eu abracei-os num abraço tão
forte e um só coração bateu a 3 vozes …
Jorge d'Alte