Sorri!
Lábios
esticados sobre os dentes.
O
táxi deixou-me à esquina,
Olhei
em volta,
Recordações
do tempo de miúdo choveram
Como
maré enchente - Há coisas;
Coisas
que nunca mudam.
Os
telhados irregulares continuavam a ser
Ameias
de castelos e as ruas, fendas nas muralhas
Por
onde deixara extravasar a minha alma e escapar os sonhos.
Andava
ainda gente nas ruas, encharcadas,
Sem
pressas.
Ouviam-se
gritos de miúdos por ali,
No
ar cheiros a cozinhados.
A
eterna taberna esquinada mal iluminada através de vidros sujos
Com
as suas velhas máquinas de coloridos piscantes…
Houvera
tempo, quando a noite crescia boa,
Com
jovens nas esquinas trocando promessas e insultos,
Rameiras
e a freguesia, vendedores de droga
Que
abriam caminhos supliciantes
Para
a sepultura dos viciados.
Fora
feliz sem o saber, vivera com o peso dos sonhos
E
partira com eles levando nas sombras o passado…
Ali
já não me conheciam!
Nascera
fazendo parte do cenário,
E
ainda continuava a parecê-lo,
Por
isso ninguém se importou…
Na
loja dos rebuçados o velho sempre velho abanou a cabeça,
(o
meu amigo já não respirava.
Partira
num entardecer com o sol por companhia.
As
cinzas ardiam nos montes e nos vales,
Lugares
por onde ele andara e que eram parte da lenda e da fantasia)
Tentou
falar dos velhos tempos…
Agradeci-lhe
e saí.
Gritei
seu nome no vento como soluço perdido de desespero
O
eco esse não houve morrendo os sonhos no vazio
Olhos
choraram para lá do horizonte sem fim!
Jorge d'Alte