sexta-feira, 30 de junho de 2017

A PONTA DA TUA DOR






Em agras serras
onde por alcantis de pedra dura
lágrimas soltas, revoltas e selvagens correm
lambendo feridas abertas que sofrem
trazendo essa negra angustia que perdura
essa enorme fome de amar que encerras
em cantos de rouxinol, no teu doce olhar
em sorrisos devassos por cantar
em noites de lua cheia.
E no arfar deste teu ensejo tua alma anseia
pelo rosto lindo que sonhaste
em traços carregados de amor
e com essa fé desenhaste
a ponta da tua dor!




Jorge d'Alte

quinta-feira, 29 de junho de 2017

Ecos







O grito criou ecos na minha mente!
Abri os olhos em pálpebras dormentes
Vi nas sombras que me engoliam, a ilusão dos sentidos
onde monstros poderosos, suas garras estendiam
e nesses momentos sofridos
eu tive somente
a visão de mundos diferentes
onde só vemos apenas o que queremos
e iludidos e cegos ficaremos
se não tivermos a coragem de destrinçar
o que os ecos pretendiam
E neste acordar
olhar de frente os medos, e assumir
e então combate-los, com a ponta de um sorrir.




Jorge d'Alte

terça-feira, 27 de junho de 2017

Quando









Quando por ela passo
há sempre um esboço de sorrir.
Seus olhos cálidos me apertam e afagam
me despem e me tragam
e com traço suave e escasso
escrevem musicas para eu ouvir.
Sua magia agarra o meu olhar
que tenta fugir e não consegue escapar.
Sei perfeitamente que é ilusão
uma mão cheia de nada, que se abriu e fechou.
Seu coração é oco, vazio de sentimentos e paixão
e depois de passar, olho para trás, e sinto que nada restou.

Jorge d'Alte







segunda-feira, 26 de junho de 2017

INFÍMA

                                                                         







A terra
A lua
A imensidão
O cósmico vento
E tu vida és mera
centelha
No advento…


Jorge d'Alte



sábado, 24 de junho de 2017

Quero-te aqui











As teclas batem letras que fazem frases
levam os meus sonhos no seu teclar
dão a mão aos sentimentos que trago emotivos
que entram nas mentes como gases
sons que vieram para ficar
que penetram nas almas altivos.
Quisera eu poder descrever
A dor que não se quer, mas que se sente
Olho-te no vácuo amor, sem te ver
És passado quando te queria presente.


Jorge d'Alte

quinta-feira, 22 de junho de 2017







Olhei o céu negro varrido de estrelas e luares
Apenas nuvens cheias como seios túmidos a pairar
Lábios secos como fonte que jorrou até secar
Não beijam a madrugada
Não trazem alvorada
Nem as lágrimas de alegria
E os demónios cá dentro sarnando a todo tempo
picam memórias sem ritmo talhadas como destino
Abraçam o desespero tragando o novo dia que não há
Trazem mágoas como vento lamento do que sinto
E esses demónios cá dentro esses demónios que invento
São soro que me dá vida
Que injecta na veia ferida
A bestialidade perdida da vontade de querer
Olho os céus despidos de estrelas e luares
Nus de cinzas sombras do que ardeu
Digo a esse vento tonto que teima em soprar
- Tenho que a deixar partir!
Esse éden sem fio onde escondo do teu ver
É onde os demónios se escondem; malditos
Decompondo o meu ser num desejo de não ser
É muito escuro cá dentro sem a tua vívida centelha
Esse arder que se apagou num estralejar de dedos
E como vermes a roer
São demónios que trago comigo desde a alvorada ao entardecer
E na noite que sobra varrida sem estrelas e luares
Sem túmidas nuvens nem nus de ti para afagar
Os demónios renascem, os demónios que invento
Os demónios que escondo
Frustrações mágoas sentimentos e saudade




quarta-feira, 21 de junho de 2017

PORQUE MORRESTE MEU SONHO





As peles enroladas como lençóis de seda suada
Gemiam como ondas sufragadas na paixão.
A cara não tinha corpo, como o corpo não tinha alma
Mas o coração era fogo aqui mesmo devorando teu corpo de lava
Derreti todos os sentires e moldei-os com lábios e seios
O abismo abriu-se tragando o tutano entre púbicos enlaçados
Caí!
Voei!
Asas translúcidas e coloridas como bolas de sabão....
Tentando agarrar o sonho fugidio com o sabugo das unhas
Abri feridas rasgando peles como trapos velhos traçando rasgos vermelhos
Senti esse sangue quente gelar o meu peito quando atingi
Nunca soube porque morreste sonho meu quando o céu estava mesmo ali
Quando tudo o que sonhei não aconteceu
E de olhos abertos me perdi de novo
Mordendo a madrugada com a raiva engasgada
Molhando meus olhos com gotas frígidas de orvalhada
Cavando nas faces doridas ravinas e abismos de desespero
Porque o sono trouxera o sonho e o sonho fora meu e só meu
Me dera de mão beijada o perfume desses anos adolescentes
Esses sorrisos macabros e perdidos que agora me doem
Essas gargalhadas de outrora frescas que se esfrangalham na memória
Esse calor perdido no gelo da vanglória
Que foi amar por amor o amor de amar!

Jorge d'Alte


terça-feira, 20 de junho de 2017

VIDA E MORTE






O sol nasce quando a noite se despenha e morre
O dia desponta com sorrisos e a vasta escuridão cai e engole
A madrugada madruga quando as sombras se vão
São metamorfoses da vida
Que nos empurram inexoravelmente
Até ao limbo da morte.



Jorge d'Alte

sábado, 17 de junho de 2017

DIVA











Teus olhos eram luzeiros de estrelas que frenéticos piscavam
Na penumbra do fumo escorrido de tabaco
Tinham esse brilho quente como tinham seios danados
Volúpias dançavam agarradas e contorcidas ao teu corpo
Em esgares eróticos languentos e apelativos
Nós os pobres pasmados éramos mariposas voando cegas
Só víamos luz onde apenas havia trevas.

Jorge d’Alte


quinta-feira, 15 de junho de 2017

O PECADO









A maçã rolou pelo chão macio de sedosa pele
Foi tentação quando os lábios se tocaram e foi seio
De picos erguidos e despidos roçando o céu do peito com gemido
Cabelos caíram como cachos maduros cheios de inebrio
Sufocaram o olhar agora perdido para sempre
Nas esconsas trevas caídas do pecado
E os anjos subiram indignados lamuriando
Levando ao Alto as palavras da nossa desdita
E o paraíso antes anunciado virou inferno castigado
Onde o calor entre corpos proibidos
Criou beleza e sonhos
Amor, dor e felicidade
Antes de chegar a machadada da morte.                       


Jorge d'Alte

fotos retiradas do google free


terça-feira, 13 de junho de 2017

SEPARAÇÃO









Era uma gaiola o que me prendia
Construí-a no dia a dia com os nossos sonhos
Alimentei-me de sentimentos, feridas, ilusões e mágoas
Vendi desilusões como prostituta por esquinas, bares e travessas escuras
Sonhei formigueiros de estrelas e luas nuas de faces negras
Deambulei por labirintos de sorrisos cheios
Mal sabendo que fio da vida de tanto esticar se romperia
Agora pasmo na imensidão da liberdade onde tudo é possível
E por ser possível quero o impossível
Voltar à minha gaiola e viver.


Jorge d’Alte

Fotos retiradas do google free

domingo, 11 de junho de 2017

DEUS





Para lá do céu, das estrelas, da imensidão, do tudo
Existes Tu.
Tento erguer-me em pontas e alcançar-Te como fruto Divinal na árvore proibida
mas não chego.
As preces não tiveram retorno, talvez pela raiva, incompreensão e impotência minha
Então de joelhos pergunto;
Porquê Criar a beleza se nos cegas
Porquê Criar a vida se a tiras
Porquê adorar-Te se não queres existir.

                                                                                   
Jorge d’Alte

Fotos retiradas do google free

sexta-feira, 9 de junho de 2017







A ponte lança suas sombras
no declínio do dia
A alma procura sua rota
no inclino do destino                            
Abro o coração nas suas dobras
a agulha do norte mexia
sou como manta rota
quero atinar e não atino.



Jorge d'Alte


Fotos retiradas do google free


quarta-feira, 7 de junho de 2017




Quero ser sábio!
Toda a vida fui aprendiz
mas por mais que aprenda
a vida me diz                                                               
me cobre com o seu palio
me lança na sua senda.

Os trilhos desembocam em becos
as encruzilhadas tornam-nos bonecos
as veredas ecoam a passada
afinal a vida é mera cruzada.
Foi isto que aprendi?


Jorge d'Alte
                                                           



Fotos retiradas do google free


segunda-feira, 5 de junho de 2017













Rock, rock me baby, rock
Você não deixa, deixe-me ouvir o vento
Seus sussurros me trazem
Sonhos passados, jovens amores
E minhas, minhas aventuras de amor
Rock, rock me baby, rock
O amor, o amor é um jogo fácil
Compartilhado por você e por mim
Colocando em camas de linhos crus
Esse sentimento dentro
Que do meu peito vem beber seus lábios túmidos
E assim um novo amanhecer brilhará
E a dança das nossas lágrimas
O fogo da nossa sabedoria
Céus tocados mas nunca ganhos
Sorrirão para sempre dentro do meu coração.
                                                                                     

Jorge d'Alte

fotos retiradas do Google free






domingo, 4 de junho de 2017






E quem achou
esse beijo dado
para o teu céu olhou!
E a asa que voa                                                
na noite de lua ecoa
como beijo apertado
num toque de segredo.
Levou-lhe esse medo
num abraçar da alma
e nessa calma
Pode sentir;
que o que estava latente
era algo diferente
e dançou no teu peito
e luziu desse jeito

na ponta do teu sorrir.



Jorge d'Alte



                                                          FOTO RETIRADA DO GOOGLE

sexta-feira, 2 de junho de 2017








O quarto encolhe
o arfar abafa o coração
o grito suspenso de fios de teias                                     vibra  no canto onde estou.
Espeto a mão na argamassa do meu eu
arranco as palavras escondidas
meto-as no coração
o horizonte alarga-se
a onda de sal abate-se encristada
deixa a espuma cá dentro e leva-me as feridas.



Jorge d'Alte


Fotos do google free