terça-feira, 29 de junho de 2010

A Dor

A dor estava ali saltitante!
Espetava ali, espetava acolá
O seu sorriso era esfuziante
Encontrara morada mesmo lá
no coração destruído em cacos
Como é bom este saborear!
Sorver o pus em simples nacos
e cada vez mais fundo retalhar
Ó delicias nunca encontradas!
Chama a tristeza sua amiga
Clama pela saudade abraçadas
juntam-se assim para uma briga
Cada uma tenta sem dó ganhar
A tristeza lança a lágrima agora
a saudade insinua-se a latejar
mas a dor ri-se delas e na hora
lança mais um pico de espeta
e agora é a alma que sente e geme
e a tristeza destra lança a sua peta
tentando por-se na frente ao leme
A saudade retalia com a distancia
agora a angustia foi chamada
mas a dor em última instancia
já não espeta, é ferida inflamada
infectando o sangue com mais dor
roendo o louco desejo e a emoção
rompendo de vez a restea do amor
deixando um ser sem alma e coração


Jorge d'alte Do blog thesoul_feelings_dreams.blogs.sapo.pt/

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Maldição

O estigma da maldição paira sobre a alma.
Desvairado tenta sugar o néctar guardado, para depois como sanguessuga se alimentar dos nossos medos, das nossas dúvidas, da nossa indecisão e então poder livremente despojar as nossas almas, de tudo o que temos de melhor e deixar aí apenas num ar fétido e apodrecido a escuridão dos infernos e as trevas que nos irão devorar.
Aí dor que dói, ai tristeza que nos cega, ai saudade que nos corrói ide com as nefastas memórias e deixai a luz entrar nas nossas almas, para nos encher de alegria fazer-nos sorrir, fazer-nos voar nos sonhos....mas maldição, tu estás sempre aí à cuca estendendo teus tentáculos de abutre pairando, pairando em vôos circulares cada vez mais baixo, mais baixo, mais baixo até nos apanhares e sangrares e despedaçares em cada bicada um pouco da nossa alma.
Chega!
Faça-se luz!
E o mundo renasceu em mìriades de pontos estelares onde a vida aconteceu.
A minha, a tua, a nossa....

jorge d'alte 23.06.10

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Morte

A luz irradiava o último suspiro.O corpo ficara prostrado e estendido níveo e sereno com um vestígio de sorriso.
O espírito da alma despedira-se levando com ele todas as emoções todos os sonhos todas as forças e fraquezas toda uma vida.
A luz alva indicava o novo caminho onde o som não era escutado mas sim ouvido, onde o sentir não era toque mas sim fluir.
No seu penar os julgos tinham sido concedidos e as portas desse novo mundo estavam abertas.
Seria isto o paraíso?
Esses céus outrora falados?
Que vida iria ser encontrada, pois a alma ainda vivia.
E o tal Deus onde está?
A resposta veio repentina escrita na tonalidade da luz. Deus é tudo o que viste, o que vês e o que verás.
A alma sorriu a calma voltara e nas sombras da luz procura agora aquela que partira aquela que amara.
O encontro estava ali sorvendo o sorriso beijando no abraço e as almas se enlaçaram e numa nova luz juntas seguiram!

Jorge d'Alte 18.06.10

quarta-feira, 9 de junho de 2010

O sabor do amor


Hoje acordaste com um sorriso.
Teus sonhos foram soprados com carícias e a pele tensa era reflexo das emoções que povoavam esse sonho e que continuavam cada vez mais ávidas do sentir e o arrepio veio com o sabor do desejo.
Teus lábios colados procuravam línguas de fogo que como labaredas queimavam por dentro ondulando conforme o desejo em tons de lava que subia inclemente gorgolejando na garganta até aos píncaros da mente para então explodir como vulcão.
Teu corpo colado tenta em vão a separação, pois quando se vai a soltar vem de novo a tentação roubar-te a calma do coração e o fogo esmorecido é de novo fúria de vulcão lava que de novo sob sob sem cessar até que de repente já não é dor nem som é apenas o paraíso onde vive a emoção onde o desejo se acalma e fica apenas o sabor do amor dado.


Jorge d'Alte 9.06.10

terça-feira, 8 de junho de 2010

Diz-me

Tenho tantas coisas boas que gostava de voltar a reviver.
Tantos sonhos realizei,novos se abrem no meu horizonte e tudo poderia ser risonho se em fases desta vida não tivesse sido obrigado a sofrer.
Queria esquecer estas desditas, mas como?
Se elas bailam sempre no meu olhar assombrando o céu dos meus olhos e marcando a ferro a alma esquartejada.
Como posso esquecer?
Diz-me...


jorge d'Alte 8.06.10

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Não...

Pérolas caiam dos teus olhos!
Não era adeus, não era saudade,não era dor, nem tristeza, mágoa, angustia, não...
Era apenas felicidade no amor!

Jorge d'Alte 7.06.10

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Recordação

Escuto os passos atrás de mim tentando alcançar-me. É a recordação que vem lesta no meu caminhar. Mas tal como a sombra quando caminhamos para o poente eu vou no futuro que está à minha frente e não deixo que a recordação neste presente, me agarre no caminho, para depois me tentar com a saudade do tempo que já foi, e nunca mais poderá ser recuperado. Os ponteiros traçaram meu destino nesse andar desenfreado. Os meus sonhos estão no horizonte e basta-me apenas dar mais um passo, para passar para o lado de lá do sonho, e aí voltar a encontrar um significado vivo para a vida, que me prenda na alegria e me faça amar outra vez e esquecer desta feita todas as agruras porque já passei.
Assim continuo a sorrir, mesmo quando o meu coração chora pois sei que só desta maneira a velha saudade se vai embora.



Jorge d'Alte 3.06.10

quarta-feira, 2 de junho de 2010

A nossa maior dádiva

Hoje foi dia de viagem longa e para além das musicas, o silencio começou a pressionar-me as têmporas, dizendo-me que era o seu tempo e que a meditação o viria acompanhar.E por respeito a este velho companheiro desliguei a musica que animava a minha alma tornando-me por largos quilômetros um maluquinho para quem passava pois na minha animação gesticulava e o que era pior cantava e por isso nem as moscas apareceram apesar dos vidros abertos num convite mudo. Enfim não sabem o que perderam! Talvez uma boa dor de cabeça ahah!
Assim o silencio recebeu de bom agrado "meditação" e neste predestinado ambiente coisas boas e más me passaram pela tola. Toda uma vida cheia de peripécias, cheias de altos e baixos, cheia de despedidas de amigos que já partiram mas que ainda vivem na saudade. Pois é!
Dos amigos da meninice já perdi duas mãos cheias,uns muito cedo ainda nos tempos de estudante outros mais recentemente. No entanto outros houve, companheiros de escola e liceu que se deixaram seduzir pela via fácil da vida, que por fim os escravizou, sodomizou, impondo um rumo pré determinado que os levou a dores profundas, à marginalização por parte de todos, grupo em que tristemente me inclui durante algum tempo. Falo das drogas e dos seus malefícios. Das pessoas que antes eram lindas, risonhas, companheiras e que a breve trecho eram apenas sombras de vida. Eu na altura não compreendia como pessoas saudáveis, muitas com um grau alto de inteligência e intelectualidade, se deixavam arrastar neste vicio escravatizante e degradante e acima de tudo destruidor das suas almas e vidas, quando havia muitas pessoas a lutarem em hospitais, sobretudo crianças por apenas mais um dia que já não tinham.
Aprendi com desgosto a conviver com esta realidade e sempre que posso e vejo alguem pela droga subjugado compro a paz da minha consciência e dou um gesto de ajuda. Sei perfeitamente que isto não é nada, não passa de um avançar dos ponteiros, mas sinto que por um lapso de tempo eu alegrei um coração ferido, uma alma perdida mas que no fundo, perdido, tem ainda résteas de vida.
Com o passar dos tempos vamo-nos apercebendo do muito que não fizemos, do muito que poderíamos ter feito, de pequenas coisas que teriam feito a diferença, mas por sermos jovem só olhávamos para o nosso umbigo.
Agora à distância consigo aperceber-me de tudo isto, mas no entanto também lutei muito por um mundo melhor, pela amizade entre os seres por um planeta verde onde a minha descendência e a dos outros, possam continuar a viver e amar!
Está quase a chegar a hora de dar espaço aos mais jovens, aqueles que um dia porque sonharam levarão a humanidade para além das fronteiras conhecidas, para novos mundos, para novas realidades de vida, mas que levem sempre no olhar a ternura humana e no coração a nossa maior dádiva o "AMOR".


Jorge d'alte 2.06.10