quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

NOVO ANO






Era o ultimo tempo do antes e do presente
Para lá da linha renovada o primeiro era o da Fé e Esperança
O Natal ficara ali embrulhado nas prendas e atado com amor
Agora o passo dado queríamos que fosse o certo no desejo renovado
Algures os copos entrechocaram-se com os lábios prometendo
As vozes murmuraram na surdina palavras inventadas no recente
A algazarra esfuziante era de novo traquina criança
Braços ataram-se em abraços com ardor
O silencio roubado voltava de novo sossegado
Aconchegando no novo ano a alma morrendo
No saco dos desejos  como despojos traídos
Palavras ocas comiam peias e teias de tão antigas
Por ali ficariam eternamente como sonhos perdidos
Notas desafinadas de doces cantigas.



Jorge d' Alte

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

UM SONHO DE NATAL











A Lua esquecera-se de aparecer
Algures as sombras abraçaram a noite deleitadas
Correndo ruas e vielas esfumadas
Deixando o sono crescer


A noite esbraquecera pelo frio
O corpo jazido em posição fetal
Sonhava que um dia houvera para si natal
E o sorriso aquecera sua face de geadas tantas
As memorias corriam livres como o rio                                  
Via olhitos cativantes de suas crianças
Via a saia rodada girando e o vento das tranças
Via a bola correndo na ponta do pé e o corpo gingando
Mas a névoa envolveu-o quando o sol despontando
Lhe mostrou o que restara de ódios e vinganças tantas
Os olhos despertos apertavam a dor de um coração
E os soluços quiseram saltar livres na emoção
Uma mão traquina nuns olhos risonhos
pegara sua mão através dos sonhos


Jorge d'Alte







quinta-feira, 10 de dezembro de 2015








Morena como o caraças
Sorriso fácil ardil disfarçado
Olhando lânguida olhos cativados
Desliza seu corpo endiabrado
Cortando respiração em corações apertados
Cabelo negro baloiçando
Marcando o ritmo roçagando
Mulher de doçuras e de puras raças


Jorge d’Alte

quinta-feira, 19 de novembro de 2015








A água corre como lágrimas
Cai no abismo desconhecido como dor
Salpica pingas de sentimentos que se perdem.
Corre de novo no seu destino
Como eu e tu.
Ravinas cava na sua fúria efervescente,
Escolhos fura empunhando a sua vontade.
No aperto sobrevive como gota de pinga pinga,
Rastejando esfolada e dorida no meio da pedrenia,
Para de novo se erguer corrida, fulgurante.
Ribeira, riacho, rio alcançando de novo esse poente,
Encontrando no de lá do horizonte, esse mar abraçado
Que sou eu e tu.
Gota doce, gota salgada
Unidas!




Jorge d'Alte

quarta-feira, 4 de novembro de 2015








Olhei aqueles olhos!
Lagos de doçura mel e ternura
Afundei neles o meu coração
Rendido sem condição
Senti sua vontade pular no silêncio
Como prece sofrida na impossibilidade
Seu coração queria sua mente não
E na rajada que soprou apenas ficou
A imagem que se ia

E a dor que me deixou



Jorge d'Alte

sexta-feira, 23 de outubro de 2015











Sentiu então uma brisa fluir da areia quente
Ouviu a água gorgolejar mais abaixo quando pousou a mochila no chão
Olhou para cima enquadrado entre as estrelas parcas
Como pontas luminosas de armas apontadas para ele
Estendeu a mão perdida como se agarrasse as sombras escorridas da esperança
Um meteoro incendido riscou no horizonte como premonição
Pedras tumulares errantes luminosas a fazerem coalhar o medo no sangue
Sentiu o arrepio e pensou – quanta areia cabe numa mão?
Tudo se esvai como areia pelos dedos da vida
Engoliu com a garganta seca. Sentiu a areia raspar-lhe doce a mão do desespero
Sondou a escuridão mais distante com os seus sentidos tentando
Aves? Uma queda de areia! Criaturas no meio dela mas não Tu
A luz das estrelas afastava apenas o suficiente da noite bela
Cada sombra era uma ameaça. Manchas de negrume que amordaçava    
Uma lembrança cega -pensou! Sons como alcateias de gritos na alma
 A minha dor é mais pesada do que as areias dos mares
Por isso aqui estou no momento só sofrendo a agonia como Deus sofreu
Este mundo esvaziou-me de tudo – a vida de amanhã
Sentiu a areia prender-lhe os pés como correntes chocalhando quando descia
O cadafalso!
Olhou para o norte por cima das rochas desbotadas de sombrios
A longa vergastada veio com o frio trepando pelas pernas cheias de água
A mochila escorregou de periclitante equilíbrio rolando para ele como para o agarrar
Mas a voz de sempre não veio encher-lhe as veias de seiva ardente
Nem os ouvidos de sussurros mordentes ou olhares de cios
Deixou palavras desenhadas trémulas no papel amarrotado como lágrimas de dor aberta
Deu um passo longo sem areia nem choros de estrelas nem cânticos de sereias
A noite cega afogava-lhe as lágrimas salgadas devastadas,
Como a água que o empurrava para areia a cada vaga; gemia e cantava        
Tentando demovê-lo da fúria amarga que o consumia 
Desespero como chama negra e opaca trespassando-o como espada sem se ver
Enlouquecendo-o
Ouviu o silvo por cima quebrando na onda como canção de rouxinol em voz amada – sonho? Delirio?
Sorriu conformado a água que o afogava em cores tétricas cheias de morte
A voz amada que em desespero o chamava rasgando trevas e banho de luar
Chegara atrasada - soou como borbulhar de ar que lhe comia os pulmões
O sorriso deslizou na sua face dorida apagando-se – Tudo poderia ter sido mas não foi
Por isso morria no eco que o gritava perdidamente no alto da crista
Enquanto o mundo que fora se estilhaçava e o absorvia
Comendo-lhe o sonho e o sorriso.


Jorge d’Alte

sexta-feira, 16 de outubro de 2015







No beijo dado senti tudo aquilo que me querias dizer
Não foi amor o que senti
Não foi amizade também
O ódio esse não vi
O sangue correu porem
Não foi rio desvairado, nem mar, nem um lindo entardecer.

Jorge d’Alte


sexta-feira, 9 de outubro de 2015







Só tenho um sonho quando os olhos se fecham!

" Do meio do fogo a dor perfura como a bomba que cai
e as lágrimas secam de não chorar como o choque que tudo estremece e leva
A parede ténue à qual me agarro é como trapo que ferro para não gritar
esboroando-se na berma no auge da insanidade
Percorro caminhos para onde a Fé está
Esse local mágico onde não tenho mais de sonhar
Vivo a água revolta que se espuma como bruma  em escolhos acertivos
escuto os gritos as vozes molhadas e sinto a mão que me eleva e me pousa na terra seca
Sinto no ouvido a voz estranha que me agarra e leva
Saboreio o liquido quente que me aquece diferente
A luta que labuta pela vida de Fé perdura no calcorrear de terrenos pérfidos
A luz que vira ao fundo do túnel turva-se no ódio das raças que me despejam
Sou detrito infetido que ninguém quer e as pernas doem de tanto moerem o sofrimento
E as chagas abertas que não posso fechar trazem a noite perene de longo luar
já não sonho!
Já não tenho sonhos!
Os sonhos mirram nos olhos abertos de noite e dia!
Não tenho sonhos no amanhã nem no depois
pois os olhos fecham-se na fome de vida
O orvalho que humedece  a carne ressequida pinga da urze que sorri colorida
O primeiro sol explode na madrugada expondo os rostos de alma sofrida
O corpo olha o alto de tão baixo estar tendo somente um tronco carcomido para me amparar
O passos revoltam as ervas do caminho e a poeira invade a minha alma caindo onde definho
Quis sorrir neste adeus de vida... quinze anos se passaram desde o primeiro dia
Uma coisa aprendo no ultimo suspiro
Os sonhos doem!
Mas quem não quer sonhar?
e de novo sonho................................."









Jorge d'Alte

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

TRISTEZA












Hoje sinto a tristeza dos pés à cabeça
Hoje escuto passos que não vão              
Não tenho fita métrica que a meça
Só sei que me enche farta, o coração



Jorge d’Alte






sábado, 12 de setembro de 2015













Para lá do céu, das estrelas, da imensidão, do tudo
Existes Tu!
Tento erguer-me em pontas e alcançar-Te como fruto Divinal na árvore proibida
mas não chego.
As preces não tiveram retorno, talvez pela raiva, incompreensão e impotência minha
Então no escuro perdido pergunto;
Porquê Criar a beleza se nos cegas!
Porquê Criar a vida se a tiras!
Porquê adorar-Te se não queres existir!




Jorge d'Alte

segunda-feira, 7 de setembro de 2015






Há dias assim e outros que não
Há dias de alma translúcida como o vidro liso que espreito
Há dias penosos vestidos de cinzento e negro roendo a luz de fora para dentro
Há dias de sorrisos modorros ferventes e transbordantes
Há outros em que nem por dentro ousamos sentir
Cavam rasgos tremendos como unhas felinas
E o olhar se apaga lento como agonia sem destino
Dentro da dor que afaga como lamento
Lágrimas que se despem transparentes



Jorge d’Alte

segunda-feira, 24 de agosto de 2015






Era uma gaiola o que me prendia
Construi-a no dia a dia com os nossos sonhos
Alimentei-me de sentimentos, feridas, ilusões e mágoas
Vendi desilusões como prostituta por esquinas, bares e travessas escuras
Sonhei formigueiros de estrelas e luas nuas de faces negras
Deambulei por labirintos de sorrisos cheios
Mal sabendo que fio da vida de tanto esticar se romperia
Agora pasmo na imensidão da liberdade onde tudo é possível
E por ser possível quero o impossível
Voltar à minha gaiola e viver.

Jorge d’Alte







sexta-feira, 21 de agosto de 2015

PECADO



















A maçã rolou pelo chão macio de sedosa pele
Foi tentação quando os lábios se tocaram e foi seio
De picos erguidos e despidos roçando o céu do peito com gemido
Cabelos caíram como cachos maduros cheios de inebrio
Sufocaram o olhar agora perdido para sempre
Nas esconsas trevas caídas do pecado
E os anjos subiram indignados lamuriando
Levando ao Alto as palavras da nossa desdita
E o paraíso antes anunciado virou inferno castigado
Onde o calor entre corpos proibidos
Criou beleza e sonhos                                                                   
Amor, dor e felicidade
Antes de chegar a machadada da morte.


Jorge d’Alte




domingo, 16 de agosto de 2015

VIDA E MORTE




 
O sol nasce quando a noite se despenha e morre
O dia desponta com sorrisos e a vasta escuridão cai e engole
A madrugada madruga quando as sombras se vão
São metamorfoses da vida
Que nos empurram inexoravelmente
Até ao limbo da morte.



Jorge d'Alte





sábado, 8 de agosto de 2015




Quando as noites caem longas
e as sombras choram o que foram
enquanto a solidão nos veste de farrapos de tristeza
e o ânimo esvaindo se esmorece
como freio puxado com furor
Desperta de novo em ti essa semente
torna-a num novo sonho que te alimente
cria asas de voo em tempos desiguais de ventos
revolta-te aguenta e resiste
Por vezes tudo parece errado
mesmo o sorriso que está ao teu lado
mesmo quando o corpo resignado se entrega
à dor que nos esfrega por dentro
não desistas!
As ondas que sentes rugindo a teus pés
são tormentos nublosos como a mente só
e as velas que se incendem como memorias
são estrelas que contamos de vida e pó
Quando a solidão te apertar
e o soluço se  soltar como cavalo desenfreado
não resignes a alegria na vida
mesmo quando a sentires perdida
Eleva tua canção de nostalgia com amor
despe esses farrapos de tristeza com fervor
recebe a mão amiga como alvorada que te acaricia
esboça o sonho e o sentimento como novo jogo
não soltes essa mão que te abriga
oh não!
nunca desistas!

Jorge d' Alte

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

PORQUE MORRESTES SONHO MEU








As peles enroladas como lençóis de seda suada
Gemiam como ondas sufragadas na paixão.
A cara não tinha corpo, como o corpo não tinha alma
Mas o coração era fogo aqui mesmo devorando teu corpo de lava
Derreti todos os sentires e moldei-os com lábios e seios
O abismo abriu-se tragando o tutano entre púbicos enlaçados
Caí!
Voei!
Asas translúcidas e coloridas como bolas de sabão....
Tentando agarrar o sonho fugidio com o sabugo das unhas
Abri feridas rasgando peles como trapos velhos traçando rasgos vermelhos
Senti esse sangue quente gelar o meu peito quando atingi
Nunca soube porque morreste sonho meu quando o céu estava mesmo ali
Quando tudo o que sonhei não aconteceu
E de olhos abertos me perdi de novo
Mordendo a madrugada com a raiva engasgada
Molhando meus olhos com gotas frígidas de orvalhada
Cavando nas faces doridas ravinas e abismos de desespero
Porque o sono trouxera o sonho e o sonho fora meu e só meu
Me dera de mão beijada o perfume desses anos adolescentes
Esses sorrisos macabros e perdidos que agora me doem
Essas gargalhadas de outrora frescas que se esfrangalham na memória
Esse calor perdido no gelo da vanglória
Que foi amar por amor o amor de amar!

Jorge d'Alte


segunda-feira, 27 de julho de 2015








Teus olhos eram luzeiros de estrelas que frenéticos piscavam
Na penumbra do fumo escorrido de tabaco
Tinham esse brilho quente como tinham seios danados
Volúpias dançavam agarradas e contorcidas ao teu corpo
Em esgares eróticos languentos e apelativos
Nós os pobres pasmados éramos mariposas voando cegas
Só víamos luz onde apenas havia trevas.


Jorge d’Alte

segunda-feira, 13 de julho de 2015






Parti por breves instantes
Abracei a lua minha dama
perguntei-lhe onde estava a chama
esse sentir dos amantes.

Oh! Desilusão!
Afinal não está lá, mas no coração.


Jorge d'Alte


segunda-feira, 6 de julho de 2015



A minha alma
Voou no céu
Onde estavas
O coração beijou-te nos lábios
Murmurou sedento e sôfrego
A palavra que ficou bailando nos teus ouvidos
Os corpos chocaram no abraço
As mãos escreveram poesias nas peles arrepiadas
Traçaram desejos em esquinas invisíveis
Arrancando nas vozes gritos de tempestades de  luxuria
Ardentes momentos criados como artista
Nesse céu  duas estrelas apenas
Tu e eu
Na explosão de tanto sentir
Um novo sol nasceu
Amor: num só tu e eu



Jorge d'Alte

domingo, 21 de junho de 2015

PERDIDO NO SONHO




















O sono calcava minhas pálpebras desgastadas amolecidas
Olhos turvos caíram irremediavelmente no fio do sonho.
Tomei conta dele pegando a sua raiz mas,...                                   
 Perdi-me por ali!
 Foi isso!
O horizonte encontrara-me na orla do beijo
Levara-me como sol crescente traçando na alma o ensejo do desejo


Jorge d’Alte