terça-feira, 28 de abril de 2015











Quisera eu um dia poder voar
subir ao céus por entre nuvens
e nas estrelas te procurar.
Grito cá em baixo e tu não vens
e o coração sempre a soluçar
a saudade rasgando-me este peito
desfez os sonhos de te poder amar.
Deitado olho o lado do meu leito
o lado frígido porque partiste
abraço este vazio que me acolhe
os olhos choram porque estou triste
a voz embarga na dor que a tolhe
o sorriso morreu nesse mesmo dia.
Queria iluminar a noite como cometa
ser aquele doce fogo que em nós ardia
mas no fim deste sonhar sonhos de treta
eu apenas queria pegar na tua mão
correr contigo pelos céus e pela terra
voltar a sorrir poder dar-te o meu perdão
dizer-te ao ouvido que toda a gente erra.



Jorge d'Alte




quinta-feira, 16 de abril de 2015







Vi outro dia teu rosto deformado!
Aquilo que fora ternura e amor
era agora rosto encolerizado
era fogo rubro no sol pôr.
Triste perguntei-te o porquê de tudo isto
e tu me respondeste que era o teu ciúme
que te roía por dentro como um quisto
e ateava essa chama no teu lume.
Tudo porque eu tinha sobrevivido a ti minha dor
e era agora feito de alegria e ternura
essa luz reluzente cheia de cor
essa meiga vontade que em mim perdura.


jorge d'Alte


sexta-feira, 3 de abril de 2015

   









Pequenos montes de serrania onde a vinha escorrega         


esbravejando pela míngua gota que dorida cai
onde oliveiras seculares se agarram em desespero
entrelaçando suas rijas raízes por entre pedras de terra
e como numa ilusiva entrega
cachos de uvas crescem como tempero
doando seu aroma etílico a esta serra.







Por ali e aí
a amendoeira acena                                                            
prendendo a nossa atenção
mas com toda a pena
lhe digo que só é bonita na floração.
Escuto a figueira                                                           
e mesmo que não queira
o zimbro selvagem é o rei da região
e no vento que sopra do suão
vem a promessa de chuva bendita                                              
que começa a cair em pinga-pinga fortuita
que se evapora e eleva nos ares
como doce aroma de maresia de distantes mares


Jorge d'Alte