sexta-feira, 29 de outubro de 2021

Halloween

Há cabaças ardentes por todo o lado
No ar bruxas varrem as estrelas do céu
levam a lua para trás dos montes
espremendo as nuvens que chovem.
Lá em baixo na terra de mates sem cor
as capas negras gritam seu louvor
em vozes pequeninas de crianças.
- Doce ou travessura!
Uma gargalhada junta-se a outra 
no entardecer da noite pingada
Num canto arredada a criança chora
a criança ora, perdidamente
na noite dos mortos e dos fantasmas
esperando esperançada
escutar de novo  a Voz
de sua mãe chamando por ela.


Jorge d'Alte

quinta-feira, 28 de outubro de 2021

A RAZÃO DE TE PROCURAR

Como posso ninar
se o sonho é tão vivo
Nele sou um caçador
nas estrelas por aí perdido
Caço o futuro com punho cerrado
num intricado trilho que me foi traçado.
Tenho sentimentos que são vulcões
lavas de mil sentires
beijos doces ou amargos
são frutos de ocasião
olhos são criados dos olhares do coração
a voz é tempestade de impios trovões
ou brisa sussurrante gemendo de emoções
e é nas lágrimas caídas de tristeza e alegria
que encontro a razão de te procurar.


Jorge d'Alte

segunda-feira, 25 de outubro de 2021

AMOR INFIEL

Cantarei com voz sofrida
meu amor infiel. 
Por ti cantarei com voz amarga
pecados que me tiram do céu.
Amarfanho no âmago meu coração de desamores
os tais que gritaste comigo na busca fácil do perdão
escacando-o no afago dos teus braços num beijo de ilusão.
Dou-te meus olhos como penhor
Dou-te meus lábios com amor
Meus ombros onde chorar
Meu amor infiel
que mesmo infiel sempre te amou.


Jorge d'Alte 

sábado, 23 de outubro de 2021

PESCADOR

Era um pescador no rio dourado
pescando nos sonhos o rumo da vida
fechava seus olhos sob o céu abraso
comentava com os botões onde ela estaria.
A tristeza fascinou-o numa rodada de saudades
e as lágrimas furtivas cresceram o rio, de emoções
estrangulando um coração ténue de menino.


Jorge d'Alte







segunda-feira, 18 de outubro de 2021

SOU

Sou como nuvem corrida
no esgaçar do vento.
Sou sombra que sonha no escuro
noites de doçura, frescura na ausência.
O silêncio ténue só palpável no eco
levara imaginários no apelo
e só no cume do sono, o beijo sonhado
traz de novo notícias do teu corpo
silhueta descrita pelo manjar das mãos
pelos aromas rarefeitos que excitam. 
Corro como nuvem soprada
ao sabor da bolina sonhando no ocaso
saboreando maresias sonhando luas
esperando que tu que és sombra algures
lances tuas redes de arrasto no vento solitário
e me abraces.



Jorge d'Alte


terça-feira, 12 de outubro de 2021

POR ISSO

De que cor são as nuvens
que sabores têm os sentimentos
que sorrisos precedem o beijo
que azos dão a ânsia das mãos
Que mar nos afaga nos corpos voluptuosos
que raio nos rasga no auge do cúmulo
De que cor é o negro
que sabores tem a solidão
que sorrisos se cavam na palavra amor
porque ódio não trago
porque o fel abomino
por isso te abraço sem querer saber
por isso te beijo deste modo
por isso te amo
por isso te amo muito.


Jorge d'Alte

sexta-feira, 8 de outubro de 2021

AMOR

Abro a janela 
como quem procura a luz 
não a luz pardacenta da alvorada
mas sim a do coração.
O sorriso dela
o rosto que reluz
o amor de quem é amada
o sentir sem razão.

Subindo a ladeira das pedras singelas
com a brisa  como amiga apertada
procura meu rosto
bebe meu sorriso
sonha com o beijo
sua alma corre com asas ou velas
seu abraço aperta espartilhada
sua língua se dá como mosto
suas mãos afagam no momento preciso
tudo isso com o beijo 
tudo isso com amor
ser feliz é feito disto
doçura , prazer e dor
como ardente quisto.

Jorge d'Alte










quinta-feira, 7 de outubro de 2021

FINADOS

Hoje há festa onde os anjos dançam
Onde as almas voam
Onde eu te vejo
Teu sorriso Mãe
Teu abraço Pai
Sempre vos recordarei
Nas saudades que sinto
Na dor que em mim minto
Nas flores que deposito
No intimo do coração.


Jorge d'Alte

segunda-feira, 4 de outubro de 2021

BARQUINHO DE PAPEL

Era um barquinho feito de papel
vogava a corrente atrás do sável
Suas redes de pesca eram tão finas
teias de aranha tecidas nas matinas
O pescador era uma criança
Sonhava sonhos cheios de esperança
Fazia contas soletrava letras e sons
brincava com as cores em vários tons
Era um barquinho feito de papel
escutava a canção tinindo em sua pele
Embalado ferrado no soninho
ele via o mundo como um grande ninho
Ovos eram eles remexendo e aprendendo
Voos eram os poentes entardecendo.

Era um barquinho feito de papel.


Jorge d'Alte

AS ALMAS

Mortas eram as folhas
arrancadas cernes pela velhice
Vivas eram as flores 
que abriram olhando o céu.
Crescendo estavam as almas
umas perdidas outras endiabradas
escrevendo o futuro.


Jorge d'Alte

sexta-feira, 1 de outubro de 2021

SAUDADES

A casa do monte não tinha teto
mas tinha céu
Não tinha vidraças
mas tinha a brisa fresca
Não tinha porta
mas tinha a visita das folhas
Tinha memórias em cada pedra
os cantares fugidos das vozes
o negro dos fumos quentes
a nostalgia do fausto passado
e saudades 
saudades nos olhos que choram.


Jorge d'Alte