domingo, 24 de novembro de 2013

AQUELA MIÚDA





Vejo um imbecil
sentado por aí.
Não dá conta do tempo
do que se passa em redor,
com cara de quem acaba
de levar, com um ferro de engomar na cabeça.
Talvez sofra de um sarilho com mulheres!

Está escuro como tudo,
chove, faz frio e em qualquer ponto do céu
ouço uma voz a chamar.
Não me preocupo muito,
pois penso numa miúda meiga,
tem tudo quanto se possa imaginar
e fantasiar.
Ela é a prece deste coração errante!
Porque não contar novas
da geografia desta menina?
Mediana, com curvas como ninguém viu
em nenhum compêndio de geometria.
Olhos azuis profundos…
misteriosos…
que quando nos olha
faz-nos sentir cobras pela espinha,
acima.

Jorge d'Alte






quarta-feira, 20 de novembro de 2013










No ermo do longe
No toque dos céus
Havia magia
Trazendo à vida
A lenda antiga.

Diziam que era um feitiço
Esse tamanho encanto.
O seu olhar espraiado
Um imenso mar espelhado
Onde nos perdíamos.

Eu sei! Eu sei!
Que caí no encantamento.

No cimo adeja a flor branca
Solitária com seus espinhos,
Colhia ao sol se pôr,
Amei-a na lua cheia,
Chorei-a  na madrugada.....
Agora sei que tudo que começa se acaba.

Eu sei! Meu amor eu sei,
Que a distancia trás a saudade.

Parti de novo
Nessa devassa,
Sonhei que te abraçava
Nos beijos que te dei
Com as lágrimas  enfeitei
ai esse corpo tisnado
por afagos de sol quente
Acariciei peles arrepiadas
por sementes que semeei
não colhi ventos nem tempestades
mas rios de lava e mel.

Eu sei! 
Que amor é alegria e dor.

No ermo do longe
No toque dos céus
Havia magia
Entre tu e eu.

No cimo adeja a flor branca
com o bafo do amor que a encanta.
Sentado ao seu lado 
tocando esse rosto adorado
este teu amado suspira.

Eu sei amor! Eu sei
Que meu corpo e alma te entreguei
afoguei-me  nesse feitiço que me enlouqueceu
e agora sonho acordado na realidade
aquilo que o sonho me deu.



Jorge d' Alte










quinta-feira, 14 de novembro de 2013

E L A



Quando por ela passo
há sempre um esboço de sorrir.
Seus olhos cálidos me apertam e afagam
me despem e me tragam
e com traço suave e escasso
escrevem musicas para eu ouvir.
Sua magia agarra o meu olhar
que tenta fugir e não consegue escapar.
Sei perfeitamente que é ilusão
uma mão cheia de nada que se abriu e fechou.
Seu coração é oco vazio de sentimentos e paixão
e depois de ela passar olho para trás e sinto que nada restou.


Jorge d'Alte


domingo, 10 de novembro de 2013

COPOS





Um copo reluz
no meu horizonte encurtado.
O seu aroma seduz
num sabor doce e frutado.
O calor ardente cai subindo prenhe como um balão
adormecendo os sentidos
e de repelão                                                                                        
mesmo adormecidos
os sonhos fluem com o seu contar
ferem a memória
obrigam-nos a estremunhar.
Essa etílica história
que o copo nos contou
cai de novo no abismo em goles trágicos
mas apesar de cair de novo se elevou
em vapores de sonho e momentos mágicos.



          


                                                 Jorge d'Alte


sexta-feira, 8 de novembro de 2013

SOLIDÃO




Os copos entrechocam-se
a festa  no auge ruge
as gargantas ardem no etílico
as mentes estão plenas de névoas
a euforia chegou
grito a melodia em gritos de alegria
mas o coro acabou.
Já não há um tu e um eu!
Negro!
Negro!
É tudo o que vejo
chamaram-lhe solidão.
A calçada agreste ecoa
leva passos mornos cabisbaixos.
Do meio da sombra
a madrugada cresce viva
o sol renasce num novo dia
e tu amor?
Onde existes?


Jorge d'Alte


segunda-feira, 4 de novembro de 2013

GENESE


O arco que fazia a minha vontade,
tenso esticava como mola puxada.
O olhar em flecha fixava o alvo;
Olhos fixos na miragem
de vapores não vistos.
A voz do vento não ajudava!
Criara o zunido como vergastada,
causando um prurido por dentro da barriga,
pecha da alma como pedreneira.
Incendida a flama tomou-me como tocha incauta,
que derreteu a cera que me escondia,
deixando-me ali nu,
perante ti.

( O olhar alarmara o seu rosto
  afogueando as suas faces trigueiras
  Seu cabelo era fogo esvoaçando…
  Era ruivo e encaracolado e batia-lhe na cara
  sardando-o.
  Gravitou atraída numa órbita curta
  Tornando o seu núcleo escaldante como lava.
  Mnemónica alarmou-se.
  Como ontogénese um sentir fecundou,
  sentiu a paráfrase do seu intimo,
  semente de sentimento que sativou
  e que saciou no cumulo do beijo)


Jorge d'Alte