segunda-feira, 26 de julho de 2010

Vazio


A chuva cai em lenta agonia
caindo no solo quente, num aroma diferente.
Trás-me ao olhar a recordação
do raio de luz que se tornou trovão
que ofuscou o olhar e em sintonia
refulgiu no monte, na oliveira perdida
e rodeando seu tronco jovem, indiferente
sua seiva sugou, seu ventre sulcou
e agora nesse lugar esquecido
apenas mero toco vazio, restou

jorge d'alte

terça-feira, 20 de julho de 2010

como ferida aberta

Sou uma ferida aberta
que no tempo tento sarar
Tempo que corre e aperta
as veias que enchem a sangrar
o meu coração disforme
de tanto trambolhão ter dado
E esta dor como aguilhão enorme
me fere me esquarteja como fado
desde o dia em que me olhaste
e depois de um beijo partiste
e não mais com teu sorriso voltaste
Com esse olhar decidido me pediste
que não te desse mais o meu amor
que tudo tem um fim um dia
que ficasse bem com esta dor
quando amar-te era tudo o que eu queria

jorge d'alte

terça-feira, 13 de julho de 2010

Não me deixes só

Não me deixes só!
Ai porque partiste
desta vida inocente
num golpe de morte?
Tudo eram sonhos
Tudo era a nossa cor.
Num instante estou só
com a alma bem triste
tudo acontece de repente
na ventania da sorte
Meus olhos tristonhos
choram o nosso amor.
Não me deixes só!
Vejo-te neste jardim
entre as flores sedentas
Cortaram-lhe as raizes
e agora jazem como tu
cada vez mais esmaecidas
Porque me deixaste só?
Porque teve de ser assim?
Ai dor que me rebentas
Tento ouvir o que me dizes
ficar nesse sonho como tu
deixar as dores esquecidas.
Quem me dera estar aí
contigo de mãos dadas
para o olimpo erguer o olhar
jazendo ao teu lado deleitado
dar-te o meu beijo sentido
e na sua emoção adormecer
Partirmos juntos por aí
vivermos em noites estreladas
seremos duas almas a amar
e nos luares bem aconchegado
sentir esse amor, ó mar batido
olhar para ti, até a dor morrer.

jorge d'alte (para ti um amor eterno)