sábado, 26 de novembro de 2016





Alvaro Causou a tempestade que caiu como raio sobre nós os três

Raquel. Estava deitada no seu leito juntamente com Paulo
Entrei no quarto de mansinho ajoelhei-me junto á cama, afaguei aquele rosto molhado, colhi uma lágrima cristalina com a concha da minha mão. Corria desesperada de um lado para o outro perdida.
Bebi-a e guardei-a no meu coração
Selei os seus olhos com o afagar de um beijo e os sonhos vieram pesados apanhando-a num mundo negro, oco e sem som de ti (Alvaro)
Olhei para Paulo que num meio sorriso me olhava aparvalhado de tanta tristeza
Sentei-me a seu lado, afaguei-lhe a cara e a farta cabeleira, toquei seus lábios com os meus. Selei com amor de irmão as palavras que teimavam em não sair e no peso dos olhos os sonhos caíram e dormiu.
colhi o sabor triste dos seus lábios e guardei-o no coração

Sentei-me solitário no gelado vão da janela com vidraça.
As tuas palavras varreram o espaço como vento trazendo nas pontas como acerados espetos gotas em palavras de ti (Alvaro)
A vidraça é a minha força, esta força que tenho cá dentro e que como Cristo morrendo tudo venceu…..
De olhos abertos sonhei teu rosto, teu corpo
No escuro tentei desenhar teu corpo nu que não vi
Tentei escrever nele as palavras que me embaciam os olhos e me embargam a voz e o vazio respondeu-me com o som do silêncio atroz
E os sonhos não vieram quando a luz emergente silenciou a noite e se ergueu ufana no meu céu de dor desespero e solidão
Raquel abriu seus olhos com sorrisos
Paulo soltou um som sem sentido com a sua garganta seca
Eu abracei-os num abraço tão forte e um só coração bateu a 3 vozes …



Jorge d'Alte