sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015




tempestade veio apanhando-me de surpresa
Enrolou-me nos seus redemoinhos e levou-me
Por entre nuvens negras carregadas de tristeza.
Olhei para trás estendendo as mãos e soprou-me
Tirando-me a vida ao sangue  e este ao coração.
O passado afastou-se de mim rindo e ali caído
Gritei de raiva incontida pois tinha sido  morcão
E agora sofria na pele aquele paraíso perdido
Onde tinha sido Adão tentado  e levado aos céus
Num sentir sem igual onde a lua era feita de mel.
Agora choro silencioso as lágrimas desse adeus
Junto nas sobras que restaram todo o meu fel.


Jorge d'Alte


sábado, 7 de fevereiro de 2015









Trouxe-me o vento
Revolta no ar varrida
Pequenina semente
Que caiu sem alento
Na terra nua despida
Num estado dormente.

O sol terno me afagou
Seus raios me aqueceram
A vida ainda não começara
A gota que caiu me tragou
Na terra me esconderam
E quando acordei germinara.

No salto súbito que dei
Meu corpo lutou e perfurou
E a terra que me agasalhara
Cresci brinquei reflecti
Meu corpo mudou e floresceu
Minhas cores me envaideceram
Orgulhosa espraiei-me para ti
E de repente tudo aconteceu
As coisas de antes desapareceram.

Agora a minha seiva ferve
Sobe ás pétalas como beijo
Ai! Ai meu lindo amor
Que fogosamente se serve
Me atravessa como desejo
E fica latejando ardente como dor.

O vento sacode meu ser
Na canção da fertilidade
E na tarde que cai madura
Abro meu cálice a tremer
E num misto de dor e felicidade
Solto a minha semente de loucura.


Jorge d'Alte