Tristeza!
Chuva que não cai no húmus que tudo renova
Alegria que não vive como iato no tempo
sorrisos que não se abrem como sonhos de primaveras
passos deléveis que tragam o roer da mente
jorge alte
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Tristeza!
Chuva que não cai no húmus que tudo renova
Alegria que não vive como iato no tempo
sorrisos que não se abrem como sonhos de primaveras
passos deléveis que tragam o roer da mente
jorge alte
Saíra de casa com a sua sombra companheira
Não pela porta; a janela aberta sim.
Os longos caracóis como os cachos de uvas pintadas
Brilharam fugaz na semi-lua aninhada na nuvem passageira
Olhou receoso que os seus passos gritassem a sua dor
Na noite escura que o abafava
Olhou-a na contra luz naquele cimo penoso
Onde as lágrimas o olhavam, no rosto dela
Gemeu o nome dela com a luz do coração
O rosto moreno torneou em volta até ao gemido
Raiando fés e esperanças nas mãos contorcidas
Os lábios morderam-se ferindo-os nas palavras roucas
Porque partes?
E o amor?
Mendigaram-se de afetos na última vez de sombras unidas.
O raio da alvorada encheu plena, a clareira
Mesmo no momento da despedida
Ele ficou olhando o cheiro dela que se ia
Quinze anos tinham crescido com eles
A ferida casquinou na sua desdita deixando-o ali
Como folha indecisa que o vento sopra.
Jorge d’Alte
Os
sinos não tocaram para lá da meia-tarde.
As
sombras tinham começado a comer o sol.
As
ruas silenciosas eram pasto dos insetos.
As
andorinhas flirtavam ganindo nos seus chilreios.
De
onde a onde o lume crestava chaminés fumegantes.
Afinal
havia vida esconsa recheada nos seus medos
As
janelas cerradas da aldeia alva ou de pedras graníticas
Guardavam
histórias dos tempos idos dos avós…
No
meu tempo quando era um moço a pandemia grassou
Roendo
peitos nas dores convulsas, criando corpos gelados por aí.
A fome
era vício, o pão molhado nas migas de vinho fino
Era
o atordoador das mentes orantes do Pai-Nosso-Avé Maria
Os
campos verdes e tratados eram silvados purgatórios do ganha-pão.
Aqui
e ali as vozes suplicavam a Deus e as pazadas de terra seca
Adivinhavam
o corpo que descia.
Jorge
d’Alte
Vejo um
imbecil
sentado por
aí,
não dá conta
do tempo
do que se
passa em redor
com cara de
quem acaba
de levar, com
um ferro de engomar na cabeça.
Talvez sofra
de um sarilho com mulheres!
Está escuro
como tudo,
chove, faz
frio e em qualquer ponto do céu
ouço uma voz
a chamar.
Não me
preocupo muito,
pois penso
numa miúda meiga,
tem tudo
quanto se possa imaginar
e fantasiar.
Ela é a prece
deste coração errante!
Porque não
contar novas
da geografia
desta menina?
Mediana, com
curvas como ninguém viu
em nenhum
compendio de geometria.
Olhos azuis
profundos…
misteriosos…
que quando
nos olha
faz-nos
sentir cobras pela espinha,
acima.
Jorge d'Alte
Tangendo, a
corda soltou
um acorde de
notas insatisfeitas.
A clave caiu
com estrondo.
A barbárie
aconteceu.
Gritos eram
dardos arremessados
que espetavam
trespassando.
A névoa
toldou o espírito,
as sombras
caminhavam apressadas,
a vozita
prostrada soava aflita,
vendo o
sangue vermelho que brotava…
A fonte árida
e seca momentos antes,
jorrava
montes de esguichos
por onde a
alma se escapava.
A voz
movia-se no eco do silêncio,
o peito
amarfanhava-se
sacudido por
tosses convulsivas.
As mãos
enclavinhadas tentavam segurar
pontas de vida
num relógio quebrado.
As horas já
não corriam com o vento
os minutos
quedavam-se em cada arquejo,
areias
escaldantes deste deserto.
Os segundos
eram tudo no desejo.
Vieram os
anjos na sua alvura,
as trompas
tocaram a desdita,
o céu caía
sombrio cada vez mais perto
e a luz alva
invadiu o espírito.
Trouxe a
serenidade a esse rosto de menino
tantas vezes
inquieto,
levando na
volta, o seu sopro de vida.
Jorge D' Alte
Ordenei à
razão, que parasse
a sua
cacofonia. Não quero saber!
grita o
coração e risca
a
perpendicular. Até aqui sou eu!
Tu és o ali,
o acolá!
Com faca de
talhante corta a eito
de cima para
baixo separando-me do peito.
Dependurada,
a razão pica
Vez o que
fizeste?
Tu coração és
cego
como farol
dum calhambeque.
Eu sou a
auto-estrada segura
onde nunca
ninguém se perde,
eu penso!
Tu apalpas,
caindo vezes sem conta
tropeçando a
cada instante,
numa qualquer
raiz…
Cala-te! Eu
sinto o que tu não vês,
tu vestes-te
de branco e preto
onde fica o
cinzento?
Tu és
quadrada e opaca,
no
translúcido eu sou a tua sombra
e esgueiro-me
como lebre,
por ente os
teus ponto final
e
interrogações. A minha trajectória
é a diagonal!
O sabor é esticado até aos limites,
sou como sol
e na minha gravidade
todos giram.
Estás louca é o que é!
A razão tem
sempre razão!
Por isso sou
perpendicular
o meu ângulo
é recto o teu é circular.
Enquanto
ferves nesse amor,
eu gelo o teu
calor e domino-te
como domador.
Que dizes?
Não venhas
com mansas falas!
Não te a trevas
a seduzir-me!
Está quieta,
não digas isso…
Eu sou a
razão! Mas tens razão!
Eu amo-te
coração!
Jorge d'Alte
Imagina
um corpo recortado na penumbra,
cheio
de linhas douradas do contra luz.
Lança
a tua fantasia no ar,
retém
a respiração por um momento…
Imagina
o sorriso que não tem,
o
olhar que não vês, a vida que não sentes...
Deixa
a tua imaginação voar ao encontro do desejo,
deixa
a emoção que te bate à porta fazer parte do teu peito...
Sente
esses lábios que não são,
percorrer
teu corpo como passos na escuridão...
Deixa-os
subir esses degraus até à tua mente,
deixa-os
enchê-la como balão prenhe dessa música
que
a cada golfada sobe, sobe...
Deixa
que rebente nesse cúmulo...
Apanha
esses farrapos de borracha que caiem,
que
esticam a nossa pele no auge do que se sente...
Imagina-te
a voar num céu escuro onde não há estrelas,
só
tu!
Imagina
então...
que
deste vida a essa recordação,
e
que ela está ali, sorridente como sempre,
com
a luz viva do seu olhar,
com
a vida a pulsar nesse bater,
procura
nos seus lábios o teu desejo,
a
emoção que te enche o peito,
abraça-a
com todo o teu sentir,
chama
seu nome
e deixa-te ir!
Jorge d'Alte
Os ossos
sacudiram a terra,
despediram-se
agradecidos aos vermes.
Mãos
acariciam-nos com esperança.
- Seria isto
uma criança?
ADN envolto
na gaguez da idade
batas brancas
deixam as remelas do olhar
e criam!
Nasci do nada
sem berço de mãe
pergaminhos
de faces caídas me osculam com o olhar…
- Eis a
criança! Ufanizam.
Olho o meu
horizonte sem ar.
A gaiola que
acolhe a humanidade é translúcida.
Afinal o sol
sempre nasce!
- Tu e tu, a
voz fina questiona.
Os anos
milenares notam-se nas vozes roucas,
desgastadas
como seixos rolados em rios secos.
- Onde estão
as crianças como eu?
A vergonha
cai em egoísmos arrancados…
- Não há!
Somos
imortais e olvidamos esses primórdios.
- Serás tu
uma criança?
- Eu sou a
criança, mas não quero este mundo!
- Quero
brincar, aprender e sonhar!
- Porque me
criaste Pai?
ADN envolto
na gaguez da idade.
Batas brancas
recordam a vida que foram
e criam!
Nasci do nada
sem berço de mãe
rugas de
faces caídas me osculam com o olhar…
- Eis a
criança! Ufanizam
No éden, vivo
virgem num corpo em mudança…
No término do
dia, a lua dança e recorta a sombra.
- Eu sou o
homem e tu?
- Tu és lindo
nesse corpo que reluz!
- Tu és
linda, mas és diferente…
- Porquê esta atração, Pai?
Nasci do nada
no berço de mãe…
Jorge d'Alte
A barca negra
espera
no cais da
morte.
A alma
singela em passinhos curtos.
- Não entro!
- Quero o
metro porque enjoo.
Enfiam-lhe
asas – voa!
O corvo negro
saltita não de contentamento.
Aflito!
- Só voo na
TAP!
No
rés-do-chão a sombra negra abre a porta
do elevador.
(nervoso)
Olhos
procuram ver…
- Ainda não
fez a revisão! Não entro, não!
- Posso
morrer!
Negra sombra
ainda mais negra, (desesperada)
caminha
desgastada degrau a degrau.
….A luzinha
alva brilha lá muito em cima.
- Falta muito
para lá chegar?
Abre a
bolsinha, tira o big mac
procura a bebida
para empurrar…
…Santa
paciência! O negro desdita.
Ergue para
cima as covas do olhar
pega no
telemóvel suplicante: - Meu Deus!
- Posso
deixá-la ficar?
Jorge d'Alte
Enroscada no
sofá
como gatinha
lustrosa,
toda pernas
maravilhosas
e decote
tentador,
seios de
sonho ainda empinados e rijos,
lançava-me um
desafio,
quando
cheguei!
Ventre plano,
descia até à
curva deliciosa das coxas,
já para não
falar do cabelo,
longo, ruivo
e sedoso que lhe afagava os mamilos,
orlando um
rosto felino demasiado belo,
para a
tranquilidade de qualquer homem.
Pareces
obscena!
Jorge d'Alte
De muito longe vêm em bando,
trazendo saudades na sua bagagem.
A casinha branca num qualquer canto
onde aromas cozem em lume brando
e nesta soberba paisagem
como por azos de encanto,
os beijos sussurram-se em abraços e gestos
e no calor das lágrimas soltas e caídas,
enchem-se de amor esses cestos
e lavam-se as feridas.
Jorge d'Alte
Escuta
com cuidado o teu coração.
A
centelha da amizade arde pura
Mas em
vez de um gesto de ternura
Magoas
com prazer e sem remissão
As
pessoas que de amigas te querem bem.
Lembra-te
porem, que um dia pode chegar
Em que
ao abrires os olhos para acordar
Olhes em
volta, e a teu lado não tenhas ninguém.
Jorge d'Alte
Quando por ela passo
há sempre um esboço de
sorrir.
Seus olhos cálidos me apertam
e afagam
me despem e me tragam
e com traço suave e escasso
escrevem musicas para eu
ouvir.
Sua magia agarra o meu olhar
que tenta fugir e não
consegue escapar.
Sei perfeitamente que é
ilusão
uma mão cheia de nada, que se
abriu e fechou.
Seu coração é oco, vazio de
sentimentos e paixão
e depois de passar, olho para
trás, e sinto que nada restou.
Jorge d'Alte
A Fé e a
Esperança de mãos dadas.
Essa vontade
que nos rói
Essa ânsia
que ergue olhos ao céu
Esse pedido pungente que rogamos ao Criador
Essa
contrição de "ses" e "porquês"
Esse
implorar com tristeza e dor
Essa luz
luminosa que inflama almas
quando eram mãos implorativas sem nada
Acredito, acredito, sem saber porquê.
Jorge d'Alte