terça-feira, 18 de agosto de 2020

A HORA

 


A barca negra espera

no cais da morte.

A alma singela em passinhos curtos.

- Não entro!

- Quero o metro porque enjoo.

Enfiam-lhe asas – voa!

O corvo negro saltita não de contentamento.

Aflito!

- Só voo na TAP!

No rés-do-chão a sombra negra abre a porta

do elevador. (nervoso)

Olhos procuram ver…

- Ainda não fez a revisão! Não entro, não!

- Posso morrer!

Negra sombra ainda mais negra, (desesperada)

caminha desgastada degrau a degrau.

….A luzinha alva brilha lá muito em cima.

- Falta muito para lá chegar?

Abre a bolsinha, tira o big mac

procura a bebida para empurrar…

…Santa paciência! O negro desdita.

Ergue para cima as covas do olhar

pega no telemóvel suplicante: - Meu Deus!

- Posso deixá-la ficar?


Jorge d'Alte

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