quinta-feira, 20 de agosto de 2020

ADÃO E EVA

 

     

Os ossos sacudiram a terra,

despediram-se agradecidos aos vermes.

Mãos acariciam-nos com esperança.

- Seria isto uma criança?

ADN envolto na gaguez da idade

batas brancas deixam as remelas do olhar

e criam!

Nasci do nada sem berço de mãe

pergaminhos de faces caídas me osculam com o olhar…

- Eis a criança! Ufanizam.

Olho o meu horizonte sem ar.

A gaiola que acolhe a humanidade é translúcida.

Afinal o sol sempre nasce!

- Tu e tu, a voz fina questiona.

Os anos milenares notam-se nas vozes roucas,

desgastadas como seixos rolados em rios secos.

- Onde estão as crianças como eu?

A vergonha cai em egoísmos arrancados…

- Não há!

Somos imortais e olvidamos esses primórdios.

- Serás tu uma criança?

- Eu sou a criança, mas não quero este mundo!

- Quero brincar, aprender e sonhar!

- Porque me criaste Pai?

ADN envolto na gaguez da idade.

Batas brancas recordam a vida que foram

e criam!

Nasci do nada sem berço de mãe

rugas de faces caídas me osculam com o olhar…

- Eis a criança! Ufanizam

No éden, vivo virgem num corpo em mudança…

No término do dia, a lua dança e recorta a sombra.

- Eu sou o homem e tu?

- Tu és lindo nesse corpo que reluz!

- Tu és linda, mas és diferente…

- Porquê esta atração, Pai?

Nasci do nada no berço de mãe…


Jorge d'Alte

 

 

 

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