sábado, 27 de fevereiro de 2021

LIBERDADE DE CRIANÇA PERDIDA

 


A vida fora ceifada

o sonho desfeito

e agora este rio

é água chorada

é cama em que deito

este meu corpo frio

 

Vogo nas profundezas

meu descanso eterno

a calma chegou por fim

depois de lutas acesas

e tirou-me deste inferno

foi isso que fiz por mim

 

Não vivi a minha vida

não a cheguei a sentir nem ver

não conjuguei o verbo amar

o meu sonho foi uma ferida

foi dor escondida, só a sofrer

foi esta a saída para tudo acabar


Liberdade!

Liberdade de escolher

A luta que foi liberdade

Mesmo depois de morrer.




Jorge d'Alte




 

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

BREVE ADEUS

 

E depois do adeus
Da memória dos beijos brejeiros
Das saudades infindas adormecidas
Da dor que te precedeu
Olho os campos vermelhos de papoilas
Local ondulante onde nos amamos
As terras de húmus
Os nossos passos nele marcados, 
O rumo
Um luto efervescente
Como se tudo tivesse acabado
Mas não
Vais voltar no acordar do dia
Meus braços estarão lá para te abraçar
Minha boca se colará na tua
Nossos rostos sorrirão sorrisos
Sorrisos que darão as mãos 
Passos que nos levarão.


Jorge d'Alte





quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

PETIT FLEUR

 Petite fleur

caché de lumière
est arrivé l’heure
tu es sincère
et avec ton miel

tu éclat mon ciel

Je suis la nuit
Où l’amour est vrai
La lune qui luit
Comme rêve que j’ai
Embrasse nos cœurs

Comme souris de fleurs

Donne moi tes mains
Aime ce moment
L’âme sons pleins
Comme firmament
Où l’étoile c’est moi

où le soleil c’est toi


Jorge d'Alte

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

QUANDO

Quando os sonhos voavam
E os pôr de sol se esbatiam
Deixando pássaros de asas 
Batidas nos longínquos.

Os olhos desesperavam
Nas emoções que sentiam
Deslizando em águas rasas
Sopa de vida de sentires profícuos.

No meio da erva fresca e verde
Te encontrei serena figura 
Enlevos do meu coração
Tecidos na manhã matutina

Do vento que se perde
Olhos de cinza em tez escura
Cantam encantos de perdição
Que bulem em gestos rasgados de rotina

Então quando os olhos se fecharam
Quando os lábios se deram
Quando as bocas se abriram
O mel cresceu no tumulto que eram.


Jorge d'Alte







 

domingo, 21 de fevereiro de 2021

SEMENTE DE ESPERANÇA



  

As nuvens correm lestas

levando lá dentro lágrimas

lágrimas que soltei

nas sombrias trevas

que me afogavam.

Olhei para esse céu

que quisera enfeitado

de brilhantes estrelas

que me iluminassem

e mesmo lá onde a lua reina

nem ponta do seu luar

apenas escuridão negra

que como peste se me agarra

tentando com sua cor fétida

enterrar-me mais na dor que me veste

Elos cheios de nostalgia

se ferram no meu olhar

aguilhoando neste pântano da vida

as dolorosas chagas em ferida

esse pus nauseabundo que infecta

esta simples alma dorida.

Os passos dados trôpegos e cegos

vão tacteando este chão incerto

tentando encontrar no charco de lama

um pouco de barro da vida

para de novo poder moldar

um novo fôlego para a minha alma.

As lágrimas caiem agora como chuva

e em rios sulcam o chão que piso

correndo lestas pela vala funda

esvaindo-se depois pela terra árida

onde a semente da esperança de novo germina



Jorge d'Alte






 

sábado, 20 de fevereiro de 2021

ONDE ESTAVAS TU

 


Onde estavas tu

quando o dia nasceu

quando a madrugada caiu

quando a noite desapareceu?

Onde estavas tu?

 

Onde estavas tu

quando a tristeza caiu

quando o sangue gelou

quando o teu aroma se esvaiu?

Onde estavas tu?

 

Onde estavas tu

quando a tua voz se calou

os teus passos se foram

quando a angustia pariu?

Onde estavas tu?

 

Onde estavas tu

quando a solidão chegou

quando os ecos se calaram

quando a alma se quebrou?

Onde estavas tu?



Jorge d'Alte



 

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

DESEJO QUE ME IRRITA

 


Cacei a nuvem que passava

nela cavalguei apressado

Afinal era o sonho que traçara

partes de que já não me lembrava

e que por detrás dos olhos embrulhado

me traziam á mente os traços da tua cara

Sorriso de moça perdida

enfeitiçada no cru sentir das almas

tocaste-me em versos de pureza

canção inventada e sentida

feita de lava e de ondas calmas

onde a pele morena suave reza

odes de delírio que em encantos morde

e em arrepios de emoção sobe

morrendo na boca aberta, que grita

sons de emoção, letras sem som, um acorde

e no lampejar dos olhos qual irónico snobe

trago á luz esse desejo que me irrita.



Jorge d'Alte





 

 

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

REFLEXÕES

 


Um dia ignorei!

Só agora eu sei

que aquela seria

a pessoa que eu mais queria

aquela que mais amei

mesmo que tivesse sido 

só e apenas por um dia

mesmo que se tenha ido

Só porque ignorei!

 

                    O amor veio com a luz do teu sorrir

                    com a ternura do teu olhar

                    Partiu numa tarde cinzenta

                    na gaivota que partia rumo ao horizonte

 

Eu sou assim

como cheiro de jasmim

entro no coração

sem pedir licença ou perdão

e depois ali fico no calor

chamam-me paixão outros amor!

 

                     Eu sou a tristeza

                     choro nos teus olhos  a tua dor

                     mas tenho a certeza

                     que se me pedires com fervor

                     faço com que a saudade

                     seja apenas nuvem na tua felicidade!

 

Tua resposta chegou

a uma mensagem antiga

Uma nova que me alegrou

pois sempre foste minha amiga!

 

                         Contigo dancei um dia

                         uma valsa chamada alegria

                         Nas voltas do seu rodopiar

                         e depois de muito te olhar

                         vi que o que sentia por ti

                         era tudo aquilo que nesse intimo vivi!

 

Chamaste a lua do amor

auscultaste o coração como doutor

Viste a alma que te abraçou

sentiste o desejo que te beijou

depois saboreaste-me e sorristes

chamaste-me amor e partistes

levando na alma  essa marca

que de todo o sentir se destaca!

 

                            Deram-me lápis e papel

                            palavras para escrever

                            chamaram-lhe poemas podes crer

                            áquilo que escrevi um dia

                            Apenas peguei no amor que sentia

                            na tristeza, mágoa e saudade

                            ilustrei-a com traços de sinceridade

                            e no final assinei  Jonel.




Jorge d'Alte (Jonel)






 

sábado, 13 de fevereiro de 2021

QUAL ERA A TUA CANÇÃO

 


Qual era a tua canção

que notas juntaste

que cor lhe puseste

em que tom tocaste

que dom lhe deste

qual foi a perfeição?

A melodia soou

breve e suave

veio e me tocou

como pena de ave

Levou-me a vogar

no vai vem deste sonho

em colcheias a ligar

murmúrios que proponho.

Faço eu a tua letra

juntando doces palavras

dizem que é só treta

mas no final são escravas

do sentimento e da emoção

e bem lá no fundo

criamos esta canção

que é o nosso mundo.



Jorge d'Alte





quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

SEJA LÁ O QUE FOR

 



Deito-me no teu regaço

encosto a cabeça suavemente

e no calor dos teus seios

os sonhos tomam conta de mim

em nuvens do adormecer

Tantas vezes te tive nos braços

tantas vezes o coração a saltar

e o sangue louco a ferver

e ainda o beijo não chegou a desejo

e ardo neste puro inferno

paraíso do enlouquecer

porque amar já não me chega

quero que sejamos mais,um só ser.

Vejo-te dançar entre o fumo que cega

corpo voluptuoso que seduz a presa

Como cristais os teus olhos faíscam

mudando, indo de tom em tom

como o baque deste coração.

As pernas a moverem-se em câmara lenta

arrastaram-me até ti

e no olhar que fixamos

Eu senti, eu vi,

tu sorriste tu me pediste

e com a gargalhada lá fomos

levados na onda que ia, sem retorno

mas levando no sabor dos lábios

essa ponta de desejo, esse tremer

que sem se saber nos faz prisioneiros

Amor! Paixão!

seja lá o que for

arranca-me as entranhas

em doses doces de ternura

e no carinho que perdura

deito-me no teu regaço

encosto a cabeça suavemente

e no calor dos teus seios

os sonhos tomam conta de mim

em nuvens de adormecer.



Jorge d'Alte




terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

MELHOR AMIGO

 

Um dia, o outro e muitos mais.
Hoje desci a rua com seis anos
Tropecei esfolei-me mas continuei.
A cara amuou num trejeito choroso
Que se secou nesse entardecer.
Os meus amigos riam-se, todos menos um.
Esse foi a melhor flor que colhi e abracei,
Pois nessa altura eramos todos
Caules tenros a crescer forjando a amizade.
Quando as sombras de meios tons vieram
Empoleirados na adolescência
As borbulhas trouxeram um festim
Saladas de  "quês e porquês" e o Amor.
Depois veio a vida, os sonhos, as ilusões
Os conselhos na meia-noite
Caminhos fatídicos para quem não sabe andar
E em cada passo que damos estou aqui 
Para te abraçar.


Jorge d'Alte
 

sábado, 6 de fevereiro de 2021

AMIZADE

 No meu cavalo alazão

Voo por estes céus de ilusão

Furando as névoas de nuvens prenhes

Arrastando comigo emoções despenhes

E levando nos olhos esse sonho lindo

Esse amor sentido, intenso, quase infindo

Que une raças, credos, e pessoas

O que para muitos não passam de loas

Para mim é uma onda de felicidade

numa só palavra num só sentir; amizade.



Jorge d'Alte


 

SONHOS

 Hoje foi dia de sonhos

Sonhei como nunca sonhara

Deitei fora esses dias tristonhos

E desenhei com o meu sorriso a tua cara.

Fui levado a esses céus de lua cheia

Na ponta da minha estrela da sorte

E encontrei-te presa nessa teia

Onde a tristeza bulia como vento norte.

Escutei o som das tuas lágrimas caindo

Como cordas pungentes tocando

Peguei com carinho na tua alma sorrindo

E nela soletrei amor em lume brando

Depois as nuvens vieram e levaram-me

Num esvoaçar em desejo farto.

Encontrei-te nesses lábios que beijaram-me

Doces fadigas que contigo reparto

As peles suadas como orvalho da alvorada

Gretavam nesse sentir de garras afiadas

pronunciando  na carne devorada

que o amor e a paixão podem ser sonhadas.




Jorge d'Alte







 

 

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

DEBAIXO OLHO A TUA JANELA

 Debaixo olho a tua janela

O olhar chora a distancia.

O adeus duro como bofetada

Estalou dentro do meu coração.

Aquela tarde cinza foi para ela

Um misto de querer e arrogância

E esta lança bem espetada

Crivou-me em palavras sem razão.



Jorge d'Alte




terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

VAMPIRA

 Sou filha de uma Lua Nova

Gosto de noites bem escuras

por entre as sombras bravias

o meu ciclo sempre se renova

Teço lá as minhas aventuras

procuro o sangue pelas vias

mordo com toda a doçura

Sugo voraz este mel da vida

traindo a humanidade sem dó

depois fico ali quieta e saciada

sentindo em mim esta loucura

sentindo-me como alma perdida

na demanda vã desta caçada

Se não mordo torno-me em pó

alma morta no tempo esquecida

Assim viajo no tempo milenar

amando aquele que vou matar

Sentimentos fortes  nunca sentira

nesta alma danada e só de vampira




Jorge d'Alte