domingo, 21 de fevereiro de 2021

SEMENTE DE ESPERANÇA



  

As nuvens correm lestas

levando lá dentro lágrimas

lágrimas que soltei

nas sombrias trevas

que me afogavam.

Olhei para esse céu

que quisera enfeitado

de brilhantes estrelas

que me iluminassem

e mesmo lá onde a lua reina

nem ponta do seu luar

apenas escuridão negra

que como peste se me agarra

tentando com sua cor fétida

enterrar-me mais na dor que me veste

Elos cheios de nostalgia

se ferram no meu olhar

aguilhoando neste pântano da vida

as dolorosas chagas em ferida

esse pus nauseabundo que infecta

esta simples alma dorida.

Os passos dados trôpegos e cegos

vão tacteando este chão incerto

tentando encontrar no charco de lama

um pouco de barro da vida

para de novo poder moldar

um novo fôlego para a minha alma.

As lágrimas caiem agora como chuva

e em rios sulcam o chão que piso

correndo lestas pela vala funda

esvaindo-se depois pela terra árida

onde a semente da esperança de novo germina



Jorge d'Alte






 

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