As nuvens correm lestas
levando lá dentro lágrimas
lágrimas que soltei
nas sombrias trevas
que me afogavam.
Olhei para esse céu
que quisera enfeitado
de brilhantes estrelas
que me iluminassem
e mesmo lá onde a lua reina
nem ponta do seu luar
apenas escuridão negra
que como peste se me agarra
tentando com sua cor fétida
enterrar-me mais na dor que me veste
Elos cheios de nostalgia
se ferram no meu olhar
aguilhoando neste pântano da vida
as dolorosas chagas em ferida
esse pus nauseabundo que infecta
esta simples alma dorida.
Os passos dados trôpegos e cegos
vão tacteando este chão incerto
tentando encontrar no charco de lama
um pouco de barro da vida
para de novo poder moldar
um novo fôlego para a minha alma.
As lágrimas caiem agora como chuva
e em rios sulcam o chão que piso
correndo lestas pela vala funda
esvaindo-se depois pela terra árida
onde a semente da esperança de novo germina
Jorge d'Alte
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