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segunda-feira, 31 de maio de 2010
O local do nosso amor
o meu coração em vão se esvai
triste desdita,ai sina minha
pois tudo num dia se esfumara
O seu rosto lindo e trigueiro
olha-me em ternura que se vai
mas a alma doce que ela tinha
era amor em flor que me amara
Quanto tempo por aqui fiquei?
quantas lágrimas ali ficaram
humedecendo nesse solo árido
sonhos e sonhos qu'eu sonhara
Ai quantos anos triste voltei
quantos soluços se soltaram
quisera eu ter também morrido
ó dia maldito que me apunhalara
Tua ramagem outrora de menina
é agora copa fora de alcance
cresceste na vida como semente
e agora voas como ave errante
Tuas raízes cavaram uma mina
onde guardaste sonhos sem chance
toda uma amargura que se sente
neste local onde amor foi garante.
Jorge d'Alte 10.06.10
domingo, 30 de maio de 2010
No meu trono
Poeta
Poeta
a emoção recordada
num estado de espírito tranquilo
e no entre isto e aquilo
a meta
está ou não está inerente
na prosa rimada
do que realmente se sente!
Jonel 28/08/09 F. Numão
Porto minha Cidade
Arribas suspensas sobre casario adormecido
onde as sombras se encolhem em ruas apertadas
que gingando se espraiam até longas avenidas.
A idade fere essas pedras gastas e enrugadas.
As cores, outrora garridas, perecem agora num tom esmaecido
enquanto que lá em baixo, as lágrimas perdidas
correm em correntes d'ouro e redemoinhos, levando-as até ao mar.
A maresia sobe em ventos, com gaivotas a pairar
trazendo ás gentes desta cidade, novas desse mar
onde pequenos barcos ondulando vogam, de cá para lá
trazendo nas suas redes e arpões, peixes a saltar.
E de quando em vez ,as gentes estão lá
perdidas na praia, gritando a Deus, que não os leve já
e que a tormenta rebentada
que explode na praia num turbilhão,
não traga na espuma que fica
o nome querido, de gente afogada
nem a perda do seu ganha pão,
As lanternas brilham, os gritos morrem
e as rezas choram o até já
enquanto que de joelhos na água salgada, as almas imploram e sofrem.
No outro lado, nas grandes avenidas, fica a gente rica
Os shoppings enchem-se de gente de outra vida.
Enfardam-se os papos, de gorda comida
Vêm-se cinemas a abarrotar
e a lufa lufa do dinheiro, lá vai enchendo os sacos.
Escadas chiando rolam sem parar
e a azafama stressa, em pequenos nacos.
Nos amarelinhos, partimos numa viagem por trilhos
Monumentos desfilam, entre praças, parques e jardins.
Lojas brilham entre roupas e afins
E se queres sarilhos
então visita os bairros erguidos
onde em janelas espreitam, gente boa e foragidos
Subindo e descendo em penosas colinas deparamos com a Sé
onde antigamente, o gentio se arrastava em fervorosos actos de Fé
Mas descendo agora as velhas calçadas, de pedra cortada
vemos o antigo, muralhas bolorentas e a grande arcada
e bem lá em baixo corre pachorrento até á barra, o Douro, nosso rio
trespassado por pontes que unem a vida
e por baixo, nas margens alcantiladas
os cafés, os bares as tasquinhas por jovens e velhos são procuradas.
E olhando essa grandiosidade, sinto um longo arrepio
tantas histórias guardadas, tanta dor suportada, tanta história vivida
e com orgulho, enfrento a agreste nortada
que me arranca dos olhos, lágrimas de verdade
e mesmo que esses ventos, a minha voz abafem
eu grito mesmo sufocado, esta é a minha "Invicta e Nobre Cidade"!
E para aqueles que nela vivem, que a merecem, sentem e sabem
ela será para sempre, a nossa amada!
Jonel 13.09.09
Ciùme
Vi outro dia teu rosto deformado!
Aquilo que fora ternura e amor
era agora rosto encolerizado
era fogo rubro no sol pôr
Triste perguntei-te o porquê de tudo isto
e tu me respondeste que era o teu ciúme
que te roía por dentro como um quisto
e ateava essa chama no teu lume
tudo porque eu tinha sobrevivido a ti, minha dor
e era agora feito de alegria e ternura
essa luz reluzente cheia de cor
essa meiga vontade que em mim perdura.
jonel 11.11.09
A tristeza vencida
A areia range sobre o meu peso
os passos outrora decididos
são agora sombras marcadas no passado
A agrura da vida cava rugas no meu rosto
por onde algumas vezes
as lágrimas escorreram como rios
Ao meu lado as ondas num vai vem
parecem destinadas a levar-me também.
O seu marulhar como ode á tristeza
puxa os meus sentidos em tentáculos estendidos
cada vez mais fortes, cada vez mais audazes, decididos
O seu cântico enfático acelera o meu passo
e o ranger ritmado torna-se bater compassado
perfumado pela maresia que me envolve
como bruma cega onde nada se sente e se enxerga
Então como bálsamo a brisa vem ter comigo
suavemente bate-me no rosto
abana meu corpo para me acordar
murmura-me nos ouvidos aquilo que eu sinto
abre-me a ferida num grito consentido
lava-me a alma com pétalas de ternura
e com carinho dá-me a mão devolvendo-me á vida.
A tristeza estremece indignada
Não querem ver que esta danada
me vai trair e levar esta alma de novo a sorrir?
A brisa em fúria sacode-a no vento que agora ruge
no auge da tempestade que me colhe
A tristeza avarenta e amarga dá lugar á esperança
que agora brilha no meu olhar.
A areia range sobre o meu peso
os passos lentos são decididos
na sombra que cresce atrás de mim
a tristeza insiste mas não tem sorte
porque a brisa chamava-se amor
e esta cura todas as feridas, toda a dor!
jonel 20.11.09
O Barco do Adeus
O barco da vida levantou ferros do cais do adeus
levando lá dentro um amor que feneceu
As velas içadas levavam enfunadas
recordações vivas e passadas
Vivencias adornadas por ventos contrários
que ora eram ternuras, carinhos, beijos
ora eram essas palavras duras e iradas,
na tua mente inventadas
Descendo o rio em direcção ao mar
levo toda a tristeza presa no olhar
e nem mesmo o vento me arranca
esta dor que cá dentro avança
como doença ruim que aos poucos me mata
e de horizonte em horizonte
sempre com o sol por detrás
o meu rosto será sempre sombra
essa sombra que á frente está
não deixando entrever a agonia atroz
que lentamente me cava na alma
Jonel 23.12.09