segunda-feira, 31 de maio de 2010

O local do nosso amor

Ao pé de um frondoso salgueiro
o meu coração em vão se esvai
triste desdita,ai sina minha
pois tudo num dia se esfumara

O seu rosto lindo e trigueiro
olha-me em ternura que se vai
mas a alma doce que ela tinha
era amor em flor que me amara

Quanto tempo por aqui fiquei?
quantas lágrimas ali ficaram
humedecendo nesse solo árido
sonhos e sonhos qu'eu sonhara

Ai quantos anos triste voltei
quantos soluços se soltaram
quisera eu ter também morrido
ó dia maldito que me apunhalara

Tua ramagem outrora de menina
é agora copa fora de alcance
cresceste na vida como semente
e agora voas como ave errante

Tuas raízes cavaram uma mina
onde guardaste sonhos sem chance
toda uma amargura que se sente
neste local onde amor foi garante.


Jorge d'Alte 10.06.10

domingo, 30 de maio de 2010

No meu trono

Um dia sentado no meu trono de pedra, sentindo a água batida e salgada salpicando-me e secando-me na pele, olhei não o horizonte que se abria na minha frente como futuro, mas o passado recordado que me fez sorrir.
Por tudo o que passei, por tudo o que me aconteceu, por tudo o que paguei, uma coisa houve, nunca desisti de viver!
Por tudo passei com custo e muita força de vontade. Gritei, chorei, implorei mas nunca me rendi, nunca procurei no álcool, na droga ou em outras coisas a fuga para as minhas dores, tristezas, mágoas ou saudades.
Costuma-se dizer, " quando não conseguires vencer o teu inimigo alia-te a ele", e foi o que fiz!
Fiz da dor minha companheira, tratei-a por tu, brinquei com ela e deste modo venci-a, mesmo que ela volte sempre quando me apanha desprevenido, tentando tirar o seu proveito, eu venho para este meu trono onde sou o meu rei e meditando apaziguo este inferno, pois há muito mais para além da dor, sentimentos que amo como o da amizade, como o amor como a vida.
Encho o meu coração com o sorriso dos amigos, com as palavras que vem ter comigo, escuto-as e guardo-as e quando estou aflito soletro cada letra desses nomes, bebo cada palavra dita e mais uma vez o amor vence esta dor que por magoar e doer será para sempre maldita.
Por incrível que pareça pessoas há que me procuram, me aceitam como sou e sobretudo me pedem ajuda, conselhos, eu que preciso deles pois são a minha oração.

Jorge d'alte 30.05.10

Poeta

Poeta

a emoção recordada

num estado de espírito tranquilo

e no entre isto e aquilo

a meta

está ou não está inerente

na prosa rimada

do que realmente se sente!

Jonel 28/08/09 F. Numão

Porto minha Cidade

Arribas suspensas sobre casario adormecido

onde as sombras se encolhem em ruas apertadas

que gingando se espraiam até longas avenidas.

A idade fere essas pedras gastas e enrugadas.

As cores, outrora garridas, perecem agora num tom esmaecido

enquanto que lá em baixo, as lágrimas perdidas

correm em correntes d'ouro e redemoinhos, levando-as até ao mar.

A maresia sobe em ventos, com gaivotas a pairar

trazendo ás gentes desta cidade, novas desse mar

onde pequenos barcos ondulando vogam, de cá para lá

trazendo nas suas redes e arpões, peixes a saltar.

E de quando em vez ,as gentes estão lá

perdidas na praia, gritando a Deus, que não os leve já

e que a tormenta rebentada

que explode na praia num turbilhão,

não traga na espuma que fica

o nome querido, de gente afogada

nem a perda do seu ganha pão,

As lanternas brilham, os gritos morrem

e as rezas choram o até já

enquanto que de joelhos na água salgada, as almas imploram e sofrem.

No outro lado, nas grandes avenidas, fica a gente rica

Os shoppings enchem-se de gente de outra vida.

Enfardam-se os papos, de gorda comida

Vêm-se cinemas a abarrotar

e a lufa lufa do dinheiro, lá vai enchendo os sacos.

Escadas chiando rolam sem parar

e a azafama stressa, em pequenos nacos.

Nos amarelinhos, partimos numa viagem por trilhos

Monumentos desfilam, entre praças, parques e jardins.

Lojas brilham entre roupas e afins

E se queres sarilhos

então visita os bairros erguidos

onde em janelas espreitam, gente boa e foragidos

Subindo e descendo em penosas colinas deparamos com a Sé

onde antigamente, o gentio se arrastava em fervorosos actos de Fé

Mas descendo agora as velhas calçadas, de pedra cortada

vemos o antigo, muralhas bolorentas e a grande arcada

e bem lá em baixo corre pachorrento até á barra, o Douro, nosso rio

trespassado por pontes que unem a vida

e por baixo, nas margens alcantiladas

os cafés, os bares as tasquinhas por jovens e velhos são procuradas.

E olhando essa grandiosidade, sinto um longo arrepio

tantas histórias guardadas, tanta dor suportada, tanta história vivida

e com orgulho, enfrento a agreste nortada

que me arranca dos olhos, lágrimas de verdade

e mesmo que esses ventos, a minha voz abafem

eu grito mesmo sufocado, esta é a minha "Invicta e Nobre Cidade"!

E para aqueles que nela vivem, que a merecem, sentem e sabem

ela será para sempre, a nossa amada!

Jonel 13.09.09

Ciùme


Vi outro dia teu rosto deformado!

Aquilo que fora ternura e amor

era agora rosto encolerizado

era fogo rubro no sol pôr

Triste perguntei-te o porquê de tudo isto

e tu me respondeste que era o teu ciúme

que te roía por dentro como um quisto

e ateava essa chama no teu lume

tudo porque eu tinha sobrevivido a ti, minha dor

e era agora feito de alegria e ternura

essa luz reluzente cheia de cor

essa meiga vontade que em mim perdura.

jonel 11.11.09

A tristeza vencida

A areia range sobre o meu peso

os passos outrora decididos

são agora sombras marcadas no passado

A agrura da vida cava rugas no meu rosto

por onde algumas vezes

as lágrimas escorreram como rios

Ao meu lado as ondas num vai vem

parecem destinadas a levar-me também.

O seu marulhar como ode á tristeza

puxa os meus sentidos em tentáculos estendidos

cada vez mais fortes, cada vez mais audazes, decididos

O seu cântico enfático acelera o meu passo

e o ranger ritmado torna-se bater compassado

perfumado pela maresia que me envolve

como bruma cega onde nada se sente e se enxerga

Então como bálsamo a brisa vem ter comigo

suavemente bate-me no rosto

abana meu corpo para me acordar

murmura-me nos ouvidos aquilo que eu sinto

abre-me a ferida num grito consentido

lava-me a alma com pétalas de ternura

e com carinho dá-me a mão devolvendo-me á vida.

A tristeza estremece indignada

Não querem ver que esta danada

me vai trair e levar esta alma de novo a sorrir?

A brisa em fúria sacode-a no vento que agora ruge

no auge da tempestade que me colhe

A tristeza avarenta e amarga dá lugar á esperança

que agora brilha no meu olhar.

A areia range sobre o meu peso

os passos lentos são decididos

na sombra que cresce atrás de mim

a tristeza insiste mas não tem sorte

porque a brisa chamava-se amor

e esta cura todas as feridas, toda a dor!

jonel 20.11.09


O Barco do Adeus

O barco da vida levantou ferros do cais do adeus

levando lá dentro um amor que feneceu

As velas içadas levavam enfunadas

recordações vivas e passadas

Vivencias adornadas por ventos contrários

que ora eram ternuras, carinhos, beijos

ora eram essas palavras duras e iradas,

na tua mente inventadas

Descendo o rio em direcção ao mar

levo toda a tristeza presa no olhar

e nem mesmo o vento me arranca

esta dor que cá dentro avança

como doença ruim que aos poucos me mata

e de horizonte em horizonte

sempre com o sol por detrás

o meu rosto será sempre sombra

essa sombra que á frente está

não deixando entrever a agonia atroz

que lentamente me cava na alma

Jonel 23.12.09

publicado por thesoul_feelings