domingo, 30 de maio de 2010

Porto minha Cidade

Arribas suspensas sobre casario adormecido

onde as sombras se encolhem em ruas apertadas

que gingando se espraiam até longas avenidas.

A idade fere essas pedras gastas e enrugadas.

As cores, outrora garridas, perecem agora num tom esmaecido

enquanto que lá em baixo, as lágrimas perdidas

correm em correntes d'ouro e redemoinhos, levando-as até ao mar.

A maresia sobe em ventos, com gaivotas a pairar

trazendo ás gentes desta cidade, novas desse mar

onde pequenos barcos ondulando vogam, de cá para lá

trazendo nas suas redes e arpões, peixes a saltar.

E de quando em vez ,as gentes estão lá

perdidas na praia, gritando a Deus, que não os leve já

e que a tormenta rebentada

que explode na praia num turbilhão,

não traga na espuma que fica

o nome querido, de gente afogada

nem a perda do seu ganha pão,

As lanternas brilham, os gritos morrem

e as rezas choram o até já

enquanto que de joelhos na água salgada, as almas imploram e sofrem.

No outro lado, nas grandes avenidas, fica a gente rica

Os shoppings enchem-se de gente de outra vida.

Enfardam-se os papos, de gorda comida

Vêm-se cinemas a abarrotar

e a lufa lufa do dinheiro, lá vai enchendo os sacos.

Escadas chiando rolam sem parar

e a azafama stressa, em pequenos nacos.

Nos amarelinhos, partimos numa viagem por trilhos

Monumentos desfilam, entre praças, parques e jardins.

Lojas brilham entre roupas e afins

E se queres sarilhos

então visita os bairros erguidos

onde em janelas espreitam, gente boa e foragidos

Subindo e descendo em penosas colinas deparamos com a Sé

onde antigamente, o gentio se arrastava em fervorosos actos de Fé

Mas descendo agora as velhas calçadas, de pedra cortada

vemos o antigo, muralhas bolorentas e a grande arcada

e bem lá em baixo corre pachorrento até á barra, o Douro, nosso rio

trespassado por pontes que unem a vida

e por baixo, nas margens alcantiladas

os cafés, os bares as tasquinhas por jovens e velhos são procuradas.

E olhando essa grandiosidade, sinto um longo arrepio

tantas histórias guardadas, tanta dor suportada, tanta história vivida

e com orgulho, enfrento a agreste nortada

que me arranca dos olhos, lágrimas de verdade

e mesmo que esses ventos, a minha voz abafem

eu grito mesmo sufocado, esta é a minha "Invicta e Nobre Cidade"!

E para aqueles que nela vivem, que a merecem, sentem e sabem

ela será para sempre, a nossa amada!

Jonel 13.09.09

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