A areia range sobre o meu peso
os passos outrora decididos
são agora sombras marcadas no passado
A agrura da vida cava rugas no meu rosto
por onde algumas vezes
as lágrimas escorreram como rios
Ao meu lado as ondas num vai vem
parecem destinadas a levar-me também.
O seu marulhar como ode á tristeza
puxa os meus sentidos em tentáculos estendidos
cada vez mais fortes, cada vez mais audazes, decididos
O seu cântico enfático acelera o meu passo
e o ranger ritmado torna-se bater compassado
perfumado pela maresia que me envolve
como bruma cega onde nada se sente e se enxerga
Então como bálsamo a brisa vem ter comigo
suavemente bate-me no rosto
abana meu corpo para me acordar
murmura-me nos ouvidos aquilo que eu sinto
abre-me a ferida num grito consentido
lava-me a alma com pétalas de ternura
e com carinho dá-me a mão devolvendo-me á vida.
A tristeza estremece indignada
Não querem ver que esta danada
me vai trair e levar esta alma de novo a sorrir?
A brisa em fúria sacode-a no vento que agora ruge
no auge da tempestade que me colhe
A tristeza avarenta e amarga dá lugar á esperança
que agora brilha no meu olhar.
A areia range sobre o meu peso
os passos lentos são decididos
na sombra que cresce atrás de mim
a tristeza insiste mas não tem sorte
porque a brisa chamava-se amor
e esta cura todas as feridas, toda a dor!
jonel 20.11.09
Sem comentários:
Enviar um comentário