domingo, 30 de maio de 2010

A tristeza vencida

A areia range sobre o meu peso

os passos outrora decididos

são agora sombras marcadas no passado

A agrura da vida cava rugas no meu rosto

por onde algumas vezes

as lágrimas escorreram como rios

Ao meu lado as ondas num vai vem

parecem destinadas a levar-me também.

O seu marulhar como ode á tristeza

puxa os meus sentidos em tentáculos estendidos

cada vez mais fortes, cada vez mais audazes, decididos

O seu cântico enfático acelera o meu passo

e o ranger ritmado torna-se bater compassado

perfumado pela maresia que me envolve

como bruma cega onde nada se sente e se enxerga

Então como bálsamo a brisa vem ter comigo

suavemente bate-me no rosto

abana meu corpo para me acordar

murmura-me nos ouvidos aquilo que eu sinto

abre-me a ferida num grito consentido

lava-me a alma com pétalas de ternura

e com carinho dá-me a mão devolvendo-me á vida.

A tristeza estremece indignada

Não querem ver que esta danada

me vai trair e levar esta alma de novo a sorrir?

A brisa em fúria sacode-a no vento que agora ruge

no auge da tempestade que me colhe

A tristeza avarenta e amarga dá lugar á esperança

que agora brilha no meu olhar.

A areia range sobre o meu peso

os passos lentos são decididos

na sombra que cresce atrás de mim

a tristeza insiste mas não tem sorte

porque a brisa chamava-se amor

e esta cura todas as feridas, toda a dor!

jonel 20.11.09


Sem comentários:

Enviar um comentário