segunda-feira, 26 de julho de 2021

DESALENTO

Hoje é um dia fechado
sem luz e nevoento
sem alento
quebrado
um buraco negro.
No teu tom integro
Dizes-me para sonhar
fechar os olhos sedentos
encontrar memórias e eventos
ninar
onde apenas há lagrimas.
Em esgrimas
montes de saudades
com montes de ternura
mas nada perdura
nem nas saudades
perdi-as algures na alma
Perdi-as na noite calma
Hoje é um dia fechado
sem luz e nevoento
sem alento
quebrado
um buraco negro.

Jorge d'Alte

domingo, 25 de julho de 2021

OTELO

O luto caiu
pesaroso
negro
de intenso breu
uma pétala caída de um cravo rosa
uma lágrima de saudade
Nome que nos deu cravos em vez de sangue
uma lágrima de saudade
Amigo companheiro camarada
teu nome é Liberdade!


Jorge d'Alte

sábado, 24 de julho de 2021

VAZIO

Todo este vazio que trago em mim
já foi um vazio cheio de mim.
De pequenas coisas fiz o meu caminho até a ti
flores murchadas em mãos juvenis entreguei a ti
encontramos nosso beijo na escura árvore sem lua
escrevemos palavras juntas na pedra encantada e nua
Foi amo-te o nosso primeiro segredo
Foi esse sentimento o nosso primeiro medo.
Não foi na praia, nem no vento
nem no sabor do sentimento.
que encontramos o nosso laço de amor.
Foi quando os corações bateram por demais esse ardor
foi quando os olhos se fecharam e era tudo sonho
Mas veio o que mais temíamos um pesadelo medonho
Olho agora o meu lado, um vazio cheio de mim.
Todo este vazio que trago em mim.


Jorge d'Alte







segunda-feira, 12 de julho de 2021

A TAÇA

A taça percorria mãos de tantas sinas
A alegria tecia retalhos de risos e sorrisos
Gritos de euforias e as lágrimas dos outros
Campeões osculavam-na ufanos
A noite indiferente caía gélida
No meios de tantos milhões
Milhões de adeptos
Milhões nos contratos
Milhões nos vencimentos
Milhões nos patrocínios
Milhões de estrelas brilhantes
Um sem abrigo entre milhões, indiferente
Aquecia-se no seu frio.


Jorge d'Alte

sexta-feira, 9 de julho de 2021

DEIXA

Deixa o teu sorriso
Abraça com o teu beijo
Olha os olhos doces
de infinitos azuis
Sente esse mar de fogo
que no peito se acolhe
Corre desvairado nesse caldo
Chama amor com ardor
Pega nessa mão, e voa.


Jorge d'Alte

quarta-feira, 7 de julho de 2021

NÃO SEI

Não sei o que sentir
Olhei o escuro céu 
sem lua
sem a vergastada do luar.
Senti-me nu na imensidão
No meio do turbilhão das galáxias,
caos das estrelas,
das pedras silenciosas
predadores de vidas 
rolando.
Senti o perfume da alvorada
algures semeando coros 
do amanhecer.
Senti mãos que me afagavam
em fogo.
Senti beijos, senti seios
Senti-te a ti.
Agora já sei o que sentir.


Jorge d'Alte

sábado, 3 de julho de 2021

SINAIS


Quando acordar
que o mundo exista 
que me traga o teu nome
na ponta da briza
teu busto ondulante
com cheiro de lasciva
e o sorriso aberto como sol de vida
lábios sedutores
de encantos tantos
o abraço como concha que se fecha
reservando a ternura 
numa noite de inveja
Quando acordar
se o mundo existir
faremos bebés na lua nua
depois lutaremos nessa nova aventura
como neandertais erguendo-se
no novo futuro.


Jorge d'Alte