quinta-feira, 24 de março de 2022

INDIFERENTES

O pinga pinga maluco
Tirlintava meus dentes
lavando-me dos olhos nus
a tristeza a mágoa a desolação.
Era a primavera de mil chuvas
era o quebrar do gelo das almas
era a esperança nas cores que advirão
a alegria, o calor o amor
Ao meu lado encostada no meu ombro
partilhando o momento insano os olhos dela
absorviam com humildade o canto das aves
o zumbir das abelhas o acasalamento dos melros
a paz da brisa soalheira.
Os lábios não se deram
apenas os corações se amaram indiferentes.


Jorge d'Alte

quarta-feira, 9 de março de 2022

NÃO SEI

Cai a tardinha com aromas inebriantes
Flores que como tu acolhem as sombras do poente
sombras de saudades de tristezas de alegrias
pedaços do que foram e agora desnuam nas memórias
como debulhadas ao calor do imprevisto
E lá está o carinho do sorriso mordendo
Lábios que rosam as faces de tons corados
Olhares que se unem sussurrando sem falar
Mãos que afagam sem tocar
Amor que amei e amo no desventrar do coração.
Cai a tardinha com aromas inebriantes
Vejo-te lá no horizonte acenando para mim
imagem negra recortada que as lágrimas enevoam 
será uma deus ou um até já?
Não sei!

Jorge d'Alte