terça-feira, 21 de agosto de 2018





Quando eu era jovem
E brincar e estudar era o mote,
As amizades eram fáceis, como fácil era gostar.
Mas havia sempre alguém que alegrava os corações
E estava sempre ali, pois o momento era difícil
E chorar não era fácil pois havia que ser homem.
O amigo abraçava e as palavras embalavam
Levando-te num caminho novo, quando o desespero era abismo
As luzes refulgentes de néon atraiam os olhares
E os sonhos faziam-se de copos, fumos e charros
Em momentos alucinantes
Nesses tempos sem tempo que partilhávamos
Nesses dias loucos que sobrevieram
A guerra estava ali, prenhe nas dores e medos infligidos.
Os sonhos perderam-se quando a morte ceifou
Quando a dor queimou deixando como esteio a revolta
E os anos jovens perderam-se nesses anos que vivi.
O amigo abraçava e as palavras embalavam
Levando-te num caminho novo quando o desespero era abismo

Jorge d'Alte

segunda-feira, 6 de agosto de 2018

ONDE







Onde estão as palavras que me embalaram
A doçura dos sorrisos que as acompanhavam
O aconchego gostoso do amamentar
As noites dormidas sem realidades
Onde estão os afagos cheios de amar
Esses petiscos que de pequenino levo nas eternidades.


Jorge d'Alte

domingo, 15 de julho de 2018

CRIANÇAS THAi




Curiosidade!
Como formigas entraram no buraco negro apertado e frio
Adrenalina!
Percorreram os tuneis de beleza tanta.
Maravilha!
Tudo era novo e fascinante
Regresso!
Água, havia água a entrar e o caminho antes belo, era infernalidade.
Fugiram,!
Cavando e nadando nesse formado rio.
Morte!
Era o pensamento de todos nesta triste sina.
Esperança!
Estava naquele pequeno monte de pedra e lama tanta.
Medo!
Saía da escuridão onde dedos de pânico cresciam lancinante
Luz!
As vozes trouxeram luz
trouxeram comida e remédios
trouxeram angustiante espera
mas a voz do mestre aguentara-os
embrulhados em horas de meditação.
Vida!
Enfim a bendita luz do sol e tanta gente
comungavam a esperança, a ajuda altruísta de pessoas de bem
O hospital recolheu-os dando-lhes nova vida
Salvadores gritaram seu hino á liberdade e partiram...

Jorge d'alte

sexta-feira, 13 de julho de 2018

HORA NEGRA

Olhei o céu negro varrido de estrelas e luares
Apenas nuvens cheias como seios túmidos a pairar
Lábios secos como fonte que jorrou até secar
Não beijam a madrugada
Não trazem alvorada
Nem as lágrimas de alegria
E os demónios cá dentro sarnando a todo tempo
picam memórias sem ritmo talhadas como destino
Abraçam o desespero tragando o novo dia que não há
Trazem mágoas como vento lamento do que sinto
E esses demónios cá dentro esses demónios que invento
São soro que me dá vida
Que injecta na veia ferida
A bestialidade perdida da vontade de querer
Olho os céus despidos de estrelas e luares
Nus de cinzas sombras do que ardeu
Digo a esse vento tonto que teima em soprar
- Tenho que a deixar partir!
Esse éden sem fio onde escondo do teu ver
É onde os demónios se escondem; malditos
Decompondo o meu ser num desejo de não ser
É muito escuro cá dentro sem a tua vívida centelha
Esse arder que se apagou num estralejar de dedos
E como vermes a roer
São demónios que trago comigo desde a alvorada ao entardecer
E na noite que sobra varrida sem estrelas e luares
Sem túmidas nuvens nem nus de ti para afagar
Os demónios renascem, os demónios que invento
Os demónios que escondo
Frustrações mágoas sentimentos e saudade.


Jorge d'Alte






HORA NEGRA





Olhei o céu negro varrido de estrelas e luares
Apenas nuvens cheias como seios túmidos a pairar
Lábios secos como fonte que jorrou até secar
Não beijam a madrugada
Não trazem alvorada
Nem as lágrimas de alegria
E os demónios cá dentro sarnando a todo tempo
picam memórias sem ritmo talhadas como destino
Abraçam o desespero tragando o novo dia que não há
Trazem mágoas como vento lamento do que sinto
E esses demónios cá dentro esses demónios que invento
São soro que me dá vida
Que injecta na veia ferida
A bestialidade perdida da vontade de querer
Olho os céus despidos de estrelas e luares
Nus de cinzas sombras do que ardeu
Digo a esse vento tonto que teima em soprar
- Tenho que a deixar partir!
Esse éden sem fio onde escondo do teu ver
É onde os demónios se escondem; malditos
Decompondo o meu ser num desejo de não ser
É muito escuro cá dentro sem a tua vívida centelha
Esse arder que se apagou num estralejar de dedos
E como vermes a roer
São demónios que trago comigo desde a alvorada ao entardecer
E na noite que sobra varrida sem estrelas e luares
Sem túmidas nuvens nem nus de ti para afagar
Os demónios renascem, os demónios que invento
Os demónios que escondo
Frustrações mágoas sentimentos e saudade.


Jorge d'Alte





quarta-feira, 11 de julho de 2018

TU E EU







Quando as flores se abrem
E o dia é só de luz
Os olhos que sorriem
Os olhos, que são olhos
Amantes só amam para ti
Quando as estrelas no céu brilham
E a lua não apareceu
A noite quando cai
A noite a negra noite
A noite traz-nos os nossos sonhos
A ti e a mim.
Só te quero abraçar
Amar-te nesta cama
Feita de estrelas e luar
O vento escuta os beijos e o arfar
A lua brilha nos corpos a suar
As mãos despem as peles.

Jorge d'Alte
 

quinta-feira, 5 de julho de 2018

Eli







Na noite fostes a minha luz
A estrela quente que me abraçou
E nos braços fortes da amizade
Moldastes o ser que eu sou
Onde estás sorriso que já não reluz
Onde está esse mar de felicidade?
Porquê morte, que ma levastes
Nesse entre gélido sem som de ti
Amortalhaste-a na podridão
Meu amor e melhor amiga Eli
És saudade que bule e geme
Atroz dor no meu coração
Tu fostes, o meu leme
Ensinando-me a crescer
Sempre te amaremos, até ao fenecer.

Jorge d'Alte

quinta-feira, 7 de junho de 2018

TODA A GENTE ERRA


                                                                          

Quisera eu um dia poder voar
subir ao céus por entre nuvens
e nas estrelas te procurar.
Grito cá em baixo e tu não vens
e o coração sempre a soluçar
a saudade rasgando-me este peito
desfez os sonhos de te poder amar.
Deitado olho o lado do meu leito
o lado frígido porque partiste
abraço este vazio que me acolhe
os olhos choram porque estou triste
a voz embarga na dor que a tolhe
o sorriso morreu nesse mesmo dia.
Queria iluminar a noite como cometa
ser aquele doce fogo que em nós ardia
mas no fim deste sonhar sonhos de treta
eu apenas queria pegar na tua mão
correr contigo pelos céus e pela terra
voltar a sorrir poder dar-te o meu perdão
dizer-te ao ouvido que toda a gente erra.

Jorge d'Alte









quarta-feira, 30 de maio de 2018

PORQUÊ?





Tangendo, a corda soltou
Um acorde de notas insatisfeitas.
A clave caiu com estrondo
A barbárie aconteceu
Gritos eram dardos arremessados
Que espetavam trespassando.
A névoa toldou o espírito
As sombras caminhavam apressadas
A vozita prostrada soava aflita
Vendo o sangue vermelho que brotava
A fonte árida e seca momentos antes
Jorrava montes de esguichos
Por onde a alma se escapava.
A voz movia-se no eco do silêncio
O peito amarfanhava-se
Sacudido por tosses convulsivas.
As mãos enclavinhadas tentavam segurar
Pontas de vida num relógio quebrado
As horas já não corriam com o vento
Os minutos quedavam-se em cada arquejo
Areias escaldantes deste deserto
Os segundos eram tudo no desejo.
Vieram os anjos na sua alvura
As trompas tocaram a desdita
O céu caía sombrio cada vez mais perto
E a luz alva invadiu o espírito
Trouxe a serenidade a esse rosto de menino
Tantas vezes inquieto
Levando na volta o seu sopro de vida.

Jorge d'Alte



domingo, 27 de maio de 2018

DESTINO





Se soubesse que o destino já estava traçado
Corria ao futuro e trazia-o bem amordaçado.

Jorge d'Alte


segunda-feira, 21 de maio de 2018

PARTIDA






Fiquei a olhar esse céu azulado
Que um risco de prata decidido cortava
Era a mágoa e esperança que iam lado a lado
Era a dor e a saudade infinita que em mim ficava.



Jorge d'Alte

quarta-feira, 16 de maio de 2018

SENHORA DE FÁTIMA






Eram dias escuros de guerras fomes e matanças
Os povos arrastavam-se vergados de dor
As cidades fechavam-se no medo e os campos no terror
Descalços com os rebanhos  três pastorezinhos cantavam em louvor
A azinheira de tantos dias iluminou-se de esperanças
O sorriso da Senhora cativou-os como encanto 
A Sua Voz cantou o pedido com fervor
Os rostos pequeninos cheios de espanto
Louvaram a Mãe oferecendo suas vidas como penhor
Rezai pela paz do mundo!
Rezai pela paz do mundo!
No chão de Fátima onde a chuva caia desvairada
O povo pobre e rico ajoelhou
De súbito o céu caía sobre eles e o sol crescia  vindo do nada
Milagre! Gritaram as vozes 
Milagre! Gritavam mais vozes
E todos os anos em maio é abençoado quem pelo mundo rezou.


Jorge d'Alte




quarta-feira, 9 de maio de 2018

Amo-te






Voando nas asas do meu sonho
vi um rosto lindo de mulher
que com lábios rubros me sorria
ai feitiço que me cativou.
Por ti um gozo na vida
com doce sabor no coração
afeição nunca sentida
bem fundo cavou seu lugar
qual punhal me ferindo.

Voando no dorso agitado
deste sentir em tropel desenfreado
chorei nos teus seios por amor
ai feitiço que me cativou.

domingo, 6 de maio de 2018

ADÃO E EVA



            



                                                       
Os ossos sacudiram a terra
despediram-se agradecidos aos vermes
mãos acariciam-nos com esperança
seria isto uma criança?
ADN envolto na gaguez da idade
batas brancas deixam as remelas do olhar
e criam!
Nasci do nada sem berço de mãe
Pergaminhos de faces caídas me osculam com o olhar…
- Eis a criança! Ufanizam.
Olho o meu horizonte sem ar
a gaiola que acolhe a humanidade é translúcida.
Afinal o sol sempre nasce!
- Tu e tu, a voz fina questiona.
Os anos milenares notam-se nas vozes roucas,
desgastadas como seixos rolados em rios secos.
- Onde estão as crianças como eu?
A vergonha cai em egoísmos arrancados…
- Não há!
Somos imortais e olvidamos esses primórdios.
- Serás tu uma criança?
- Eu sou a criança, mas não quero este mundo!
- Quero brincar, aprender e sonhar!
- Porque me criaste Pai?
ADN envolto na gaguez da idade
batas brancas recordam a vida que foram
e criam!
Nasci do nada sem berço de mãe
rugas de faces caídas me osculam com o olhar…
- Eis a criança! Ufanizam
No éden vivo virgem num corpo em mudança…
No término do dia a lua dança e recorta a sombra.
- Eu sou o homem e tu?
- Tu és lindo nesse corpo que reluz!
- Tu és linda, mas és diferente…
- Porquê esta atracção, Pai?
Nasci do nada no berço de mãe…


Jorge d'Alte


quinta-feira, 3 de maio de 2018

SILÊNCIO






Os nervos
os ouvidos
os olhos
são agudos receptivos

sobre a pressão do silêncio.
Tudo parece
um pouco maior
anguloso
do que a realidade.
Tudo desde o pousar dos pés
nos frios azulejos
o roçagar da manga
das palmeiras do jardim
parecia ter uma claridade de som
que tremia como nota de marfim...


Jorge d'Alte



sexta-feira, 27 de abril de 2018

DOR




Disseram-me que o relógio parara
Que não havia chegadas nem partidas
Apenas meio disto, daquilo e de aqueloutro
de um sonho que não sonhara
Pestanejei nas lágrimas sentidas
roído e quebrado como um qualquer outro
Senti-a chegar envolta em algodão
pareceu que me beijara algures entre a face e a boca
Senti o seu amor no perdão
Senti a vida fiando na roca
na palavras que me imaginei dizer
Vi-a ali sorrindo para mim
O relógio tiquetaqueou tremulo para te perder
vi-me de novo infernado, numa dor sem fim


Jorge d'alte

terça-feira, 24 de abril de 2018

CHEGADA DA MORTE



Os prantos caíram no proscênio
mesmo antes do suspiro fatal
A doença agarrara o corpo, definhando-a
mirrou-a e moldou-a como gênio
já na primavera depois do natal
Não houveram prendas de desejos alegrando-a
Nem de chilreios de andorinhas, nem flores abrindo
apenas a dor da saudade carpindo.


Jorge d'Alte

segunda-feira, 23 de abril de 2018

RAIVA



                                                                         







As ondas alterosas
invadem a minha costa
e na sua revolução
deixaram pedras e areia
e a espuma raivosa da emoção
em correntes perigosas.
Não contente enviaste
ventos uivantes e ferozes
que me fizeram estremecer
mas não vacilei não verguei
apenas ali te olhei
ondulando no pesar do esquecer.
Deixei de ouvir essas vozes
histerismos de que ninguém gosta
como fogo que se ateia
arrancando dores em feridas abertas
pus danado que em mim libertas
neste coração que um dia amastes.


Jorge D'Alte



sexta-feira, 20 de abril de 2018

DEMÔNIOS







Olhei o céu negro varrido de estrelas e luares
Apenas nuvens cheias como seios túmidos a pairar
Lábios secos como fonte que jorrou até secar
Não beijam a madrugada
Não trazem alvorada
Nem as lágrimas de alegria
E os demónios cá dentro sarnando a todo tempo
picam memórias sem ritmo talhadas como destino
Abraçam o desespero tragando o novo dia que não há
Trazem mágoas como vento lamento do que sinto
E esses demónios cá dentro esses demónios que invento
São soro que me dá vida
Que injecta na veia ferida
A bestialidade perdida da vontade de querer
Olho os céus despidos de estrelas e luares
Nus de cinzas sombras do que ardeu
Digo a esse vento tonto que teima em soprar
- Tenho que a deixar partir!
Esse éden sem fio onde escondo do teu ver
É onde os demónios se escondem; malditos
Decompondo o meu ser num desejo de não ser
É muito escuro cá dentro sem a tua vívida centelha
Esse arder que se apagou num estralejar de dedos
E como vermes a roer
São demónios que trago comigo desde a alvorada ao entardecer
E na noite que sobra varrida sem estrelas e luares
Sem túmidas nuvens nem nus de ti para afagar
Os demónios renascem, os demónios que invento
Os demónios que escondo
Frustrações mágoas sentimentos e saudade.


Jorge d'Alte


terça-feira, 17 de abril de 2018

MEMÓRIAS









Galos que não acordam madrugadas
Juventude que encolhe e mirra
Ossos que choram, doem e moem
Que gemem as agruras de uma vida
Que dedilham notas como passos
Passos que envelhecem com calçadas
Onde se escreveu as memórias



Jorge d'Alte

quinta-feira, 12 de abril de 2018

PESADELO DO DESESPERO








Quantas esquinas dobradas,
quantas marcas guardadas,
portas com aldrabas, janelas cerradas…
com vidraças bolorentas  foscas e rachadas
onde a sombra do sonho se esmagara como mosquito
esborrachado.
E o rosto desfigurado sem o saber,
corroído por estranhas aranhas nas entranhas
a tecer rosários e teias de ódio e fúria?
Ah! Pois....
e ciúmes disfarçados, ainda a noite ia pequenina?
Se estrelas houvera, cairiam ali mesmo!
Até a lua era meia de meia
como cagadela de mosca na lâmpada que luzia.
Mas também quem queria essa lua?
Não dizem que é dos amantes?
(Então que fiquem com ela e que forniquem ao desafio)
Amor era coisa arredada daquela vida!
A mágoa infiltrava-se pelas rachas da alma
abrindo feridas com palavras de gume afiado,
como o machado que racha a lenha de cima a baixo,
e separa.
Corpo seco talhado a golpes de arte, era ele
do tira ali e põe de parte
e as goivas iam cortando meias luas de sentires
incubos dos pesadelos, sucubos na luxúria.
A fúria no pontapé dado na cadeira virada
(Escape grosseiro do danado…)
trouxe espantos, nos ais que se seguiram.
Queria que a rosa esmagada, antes bela e carminzada
tivesse sido a gota de juízo que faltava
Mas o mundo virara tudo do avesso!
Os joelhos rasgavam-se nos meandros do desespero, dele.
A súplica arrastava-se na terra esgravatada e arranhada
e as unhas partiram-se ensanguentadas
na pedra polida, branca e gelada sob a sombra da cruz.
Era coisa que se fizesse?
Mas fora feito no auge emocional do desespero – desculpas!
Afinal quem o mandara amar?
Ela mulher talhada no gelo fechara-se na concha do belo
e não desceu do pedestal enfastiada com tanto degrado.
Quem seria esta intrometida? (era ele o pensativo)
Nem na mão estendida pegara,
nem carinhos de andorinhas chilreantes
cantadas ao ouvido, houvera. Nada, foi tudo o que esta lhe deu,
mulher da vida, rameira da amizade,
onde o sentir dos sentimentos entorpeceu.
Ionona evolada como véu de violeta rendado da névoa,
era o limite do olhar com limoselas florescendo nos cantos
e o “dentro” chorava as dores do mocetão.
Mas afinal para onde tinham ido as estrelas?
(Não estavam neste céu, não!)
Aqui chorava-se dor! A amargura e a mágoa vieram depois
Juntaram-se á saudade que ficou
Nos olhos erguidos só o negrume gélido sem calor de alma
A noite espraiava-se na madrugada que traria o belo amanhecer
O pesadelo iria pôr-se para lá do sono em brumas de memória.
Esquinas, marcas, portas e janelas… vidraças…
Mas que foi feita dessa estrelinha de magia?
Essa companheira de estrada… essa bolinha de algodão doce
de multi sabores?
…Pois partira um dia como trigueira ceifada na alvura da vida!
Ai dor dorida que queimas entranhas. Vade retro maldita!
Só o sonho a pode trazer de volta, figura de gás desenhada que não se toca,
Apenas se inventa no desejo!

 “A desejada estava ali!
Enterrada…
Ossos descarnados de mulher menina roídos já pelo tempo,
Farrapos daquilo que fora outrora e a fizera
num céu azul de pássaros amarelos e borboletas de primavera;
(Vá-se lá saber porquê)
Uma Rosa encarnada no meu jardim! ”



Jorge d'Alte


terça-feira, 10 de abril de 2018

CAÍRAM NOITES











Caíram noites sobre noites e dias de luz e outros não
Houveram madrugadas sem nome e ventos que trouxeram tempos
Foram-se e não vieram como água que passa sob a ponte
Da enxurrada do passado vergo os ombros até mais não
Peso anos desde então desde o primeiro grito como fonte

Encontrei caminhos verdes ou áridos e felizes momentos.


Jorge d'Alte

terça-feira, 3 de abril de 2018

SURF






Longe varrem os meus olhos sedentos,
o espelho mágico troa na areia
em pequenas ondas baloiçadas no vaivém.
Escorrego a ladeira que me comicha os pés com fina areia,
inspiro esse aroma forte da maresia 
a brisa que sopra passa rápida a ventania.
As ondas iradas de profanos, rugem agora alterosas intimidando.
O meu sorriso fica ali,
enquanto espeto na areia espumada, a ponta da minha prancha.
Num desafio visto novo corpo de borracha
...sim não desisto...
a razão puxa-me para trás, mas a vontade avança,
a água passa apressada gritando-me desatinada,
tentando empurrar-me para trás,
e a onda enfurecida, esmaga-se perdida em cima de mim.
Braçadas levam-me vogando na prancha no p’ra lá,
ufano ultrajo esse mar, desafiando-o agora a me tragar.
A resposta vem rápida na onda que nasce,
viro as costas à desgraçada,
os braços movem-se com firmeza lançando-me.
Erguido sinto o vento incentivar-me,
meus pés deslizam juntos com a prancha,
e na crista da onda lá vou ziguezagueando na bolina,
abrigado me recolho no túnel que me garrotilha...
é a loucura, é adrenalina no corpo meio encolhido.
O súbito, traz-me a luz que recorta a minha silhueta no contra luz
garboso.
Deslizando na pouca velocidade afundo-me na água vencida,
que num turbilhão me deposita de novo, na tenra areia molhada,
como herói de fantasia...

Jorge d'Alte



sábado, 31 de março de 2018









Pobre terra de lusitanos, hoje
Onde vivemos descorados
vergonha amarga de já não termos nada,
e soberania hipotecada.
Puseram-nos nus no meio do mapa
onde as nossas peles suam a escravatura.
Afonsos nos elevaram, Henriques nos deram sonhos,
mundos nos admiraram.
E no mas?
A besta veio disfarçada
olhos tenros de ganância, no meio da boa fala.
Meteu a mão nos nossos bolsos,
tirou-nos a tanga, em pelota
pôs-nos à rasca.
Com pele de carneiro
dá -nos lobos tapa olhos
e ri-se por detrás do maléfico sorriso
da estratosfera. .
Pobre terra de Lusitanos com outrora,
sem presente, nem amanhã,
definhando!

Jorge d'Alte