segunda-feira, 25 de agosto de 2014






                                                                  Não sei!

Durmo de dia como sabe…
Com o tempo as malditas brocas
transformaram-se em música
e adormecem-me num instante.
                                   Sabe?
Já nem sou capaz de dormir sem elas.
Tem a certeza?

Acabaram…
deram cabo do sono.
Quando as brocas pararam acordei.
Há muito silêncio.

Nem me fale, nem o consigo ouvir.
                                 A mim?
Não, o silêncio…

Ah! Esse…
Vamos para dentro…
Olhe nunca lhe disse, mas os de branco…aqueles…
Ah! Esses malucos?
Têm a mania que são como nós.


Jorge d'Alte



domingo, 17 de agosto de 2014




Entrei no elevador!
Subi ao céu entre chuvas de pétalas,
procurei-te no meio de nuvens,
sei lá das estrelas!
Caíram como eu desse céu de breu, amor
e agora semeiam os jardins
com cantos de querubins,
mas tu, tu meu amor não vens.
E as trompetas calaram-se com os limos,
o tapete que estendi com artes e mimos
descorou no tempo que te levou.
Juntos passeamos tristes desolados
de jardim em jardim encantados,
mas tu nunca estás, no universo onde estou.



Jorge d'Alte                                   
















Os olhos fecham-se devagar.
Os lábios aproximam-se tocando-se.
Nos olhos fechados uma luzinha veio para ficar.
De novo vêm os lábios encantando-se
Que se esmagam  num cocktail de emoções.
Os corpos agora girados e abraçados
São pequenos nós  atados
Cheios de ligações.                                                                            
As línguas se abraçam numa disputa
E os sentimentos preparam-se na alma para essa luta.
Como bolas de sabão sobem sobem e rebentam
Cada vez mais alto cada vez mais loucos
E a loucura apodera-se em soluços roucos
Em canções que os lábios inventam.
De repente
Num clímax diferente
Os corpos são paz depois da dor
E nos semblantes
Agora em cores brilhantes

Se escreve devagar a palavra "amor".


Jorge d'Alte

terça-feira, 5 de agosto de 2014









Sorri!
Lábios esticados sobre os dentes.
O táxi deixou-me à esquina,
olhei em volta,
recordações do tempo de miúdo choveram
como maré enchente - Há coisas;
coisas que nunca mudam.
Os telhados irregulares continuavam a ser
ameias de castelos e as ruas, fendas nas muralhas
por onde deixara estravasar a minha alma e escapar os sonhos.
Andava ainda gente nas ruas, encharcadas,
sem pressas.
Ouviam-se gritos de miúdos,
no ar cheiros a cozinhados.
A eterna taberna; mal iluminada através de vidros sujos
com as suas velhas máquinas de coloridos piscantes…
Houvera tempo, quando a noite crescia boa,
com jovens nas esquinas trocando promessas e insultos,
rameiras e a freguesia, vendedores de droga
que abriam caminhos supliciantes
para a sepultura dos viciados.                                                                 
Fora feliz sem o saber, vivera com o peso dos sonhos
e partira com eles levando nas sombras o passado…
Ali já não me conheciam!
Nascera fazendo parte do cenário,
e ainda continuava a parecê-lo,
por isso ninguém se importou…
Na loja dos rebuçados o velho abanou a cabeça,
(o meu amigo já não respirava.                                                         
Partira num entardecer com o sol por companhia.
As cinzas ardiam nos montes e nos vales,
lugares por onde ele andara e que eram parte da fantasia)
Tentou falar dos velhos tempos…
Agradeci-lhe e saí.

Olhos choravam para lá do horizonte!





Jorge d'Alte



sábado, 2 de agosto de 2014









Os olhos fecham-se devagar.
Os lábios aproximam-se tocando-se.
Nos olhos fechados uma luzinha veio para ficar.
De novo vêm os lábios encantando-se
Que se esmagam  num cocktail de emoções.
Os corpos agora girados e abraçados
São pequenos nós  atados
Cheios de ligações.                                                                            
As línguas se abraçam numa disputa
E os sentimentos preparam-se na alma para essa luta.
Como bolas de sabão sobem sobem e rebentam
Cada vez mais alto cada vez mais loucos
E a loucura apodera-se em soluços roucos
Em canções que os lábios inventam.
De repente
Num clímax diferente
Os corpos são paz depois da dor
E nos semblantes
Agora em cores brilhantes

Se escreve devagar a palavra "amor".






Jorge d'Alte