segunda-feira, 12 de janeiro de 2015






A chuva chegou por fim!
As ruas outrora soalheiras
vertem como lágrimas.
O vento ruge na sua corrida         
levando nesse ar revolto
as folhas da nossa vida.
E elas ali ficam 
expostas ao relento
tremendo no frio 
tremelicando no vento.
O coração despido arrefece
a tristeza cruel aparece 
e o olhar pardacento
carece da alegria.
Já não sente a carícia
das noites de luar
onde tu e eu sabíamos amar.
Já não escuta o teu sussurrar
e as ondas daquele mar 
que era feito de paixão.
Não! As saudades são como facas
cortando pedaços da minha alma
deixando-as na beira da calçada
onde qualquer predador 
se pode aproveitar
pois a dor que dói
veio para ficar
Levou-me todo um mundo
que ficou por desvendar
trouxe-me outros horizontes
dizendo-me que era o futuro
deslumbrou o meu olhar
com um novo raiar de luz
e três almas me acarinharam
frutos desse meu amor
Mas a vida continua e cresce
a idade não perdoa e aparece
e no constante definhar
a chuva lá aparece                                            

o vento ruge a sua fúria
e na tempestade virá um dia
o momento perene 
entre a vida e a morte
onde o passado me acolhe
e um novo futuro se avista.



Jorge d'Alte