Longe varrem os meus olhos sedentos,
o espelho mágico troa na areia
em pequenas ondas baloiçadas no vaivém.
Escorrego a ladeira que me comicha os pés com
fina areia,
inspiro esse aroma forte da maresia
a brisa que sopra passa rápida a ventania.
As ondas iradas de profanos, rugem agora
alterosas intimidando.
O meu sorriso fica ali,
enquanto espeto na areia espumada, a ponta da
minha prancha.
Num desafio visto novo corpo de borracha
...sim não desisto...
a razão puxa-me para trás, mas a vontade
avança,
a água passa apressada gritando-me
desatinada,
tentando empurrar-me para trás,
e a onda enfurecida, esmaga-se perdida em
cima de mim.
Braçadas levam-me vogando na prancha no p’ra
lá,
ufano ultrajo esse mar, desafiando-o agora a
me tragar.
A resposta vem rápida na onda que nasce,
viro as costas à desgraçada,
os braços movem-se com firmeza lançando-me.
Erguido sinto o vento incentivar-me,
meus pés deslizam juntos com a prancha,
e na crista da onda lá vou ziguezagueando na
bolina,
abrigado me recolho no túnel que me
garrotilha...
é a loucura, é adrenalina no corpo meio encolhido.
O súbito, traz-me a luz que recorta a minha
silhueta no contra luz
garboso.
Deslizando na pouca velocidade afundo-me na
água vencida,
que num turbilhão me deposita de novo, na
tenra areia molhada,
como herói de fantasia...
Jorge d'Alte
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