quinta-feira, 6 de agosto de 2015

PORQUE MORRESTES SONHO MEU








As peles enroladas como lençóis de seda suada
Gemiam como ondas sufragadas na paixão.
A cara não tinha corpo, como o corpo não tinha alma
Mas o coração era fogo aqui mesmo devorando teu corpo de lava
Derreti todos os sentires e moldei-os com lábios e seios
O abismo abriu-se tragando o tutano entre púbicos enlaçados
Caí!
Voei!
Asas translúcidas e coloridas como bolas de sabão....
Tentando agarrar o sonho fugidio com o sabugo das unhas
Abri feridas rasgando peles como trapos velhos traçando rasgos vermelhos
Senti esse sangue quente gelar o meu peito quando atingi
Nunca soube porque morreste sonho meu quando o céu estava mesmo ali
Quando tudo o que sonhei não aconteceu
E de olhos abertos me perdi de novo
Mordendo a madrugada com a raiva engasgada
Molhando meus olhos com gotas frígidas de orvalhada
Cavando nas faces doridas ravinas e abismos de desespero
Porque o sono trouxera o sonho e o sonho fora meu e só meu
Me dera de mão beijada o perfume desses anos adolescentes
Esses sorrisos macabros e perdidos que agora me doem
Essas gargalhadas de outrora frescas que se esfrangalham na memória
Esse calor perdido no gelo da vanglória
Que foi amar por amor o amor de amar!

Jorge d'Alte


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