quinta-feira, 9 de agosto de 2012

DOZE ANOS


                                                                    






Ruas traçadas no casario
deslizavam em ladeiras de pedras
desgastadas e cinzentas
A rua perfeita, sinuosa como teu corpo
levava-te apetitosa ao encontro.
O campanário torto na sombra disforme,
agigantava-se no chão em sinos badalados
chamando; como ovelhas e cabrinhas correndo
para o pasto lá iam!
O encontro ficava ali entre as meias badaladas
e a bênção.
Os pés apertados em sapatos de verniz saltitavam de dor
fazendo abanar a saia rodada crivada de flores.
A esquina olhava-te pelos meus olhos de garoto.
Alisei o cabelo penteado para trás
pus uma mão no bolso dos calções
e a outra apertada atrás das costas,
segurando.
As minhas sandálias desgastadas
levaram-me até ti.
O saltitar parou
um sorriso iluminou-te.
O meu envergonhou: “queres casar comigo?”
Estendi o ramo de papoilas e malmequeres
murchos no calor.
Gaiatos demos as mãos
e entramos na igreja!


Jorge d'alte

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