A madrugada
estava zangada,
crescera
cinzenta em rolos de névoa.
Estendi os
braços aos céus
tentando
rasgar esse denso véu
que me
aprisionava na solidão.
Caí de
joelhos na mágoa sentida.
O céu
estalara como alma minha,
deixando cair
estrelas douradas a meus pés
desfeitas e
sentidas, escorrendo pelas fendas abertas
roendo a
terra virgem, onde nada germina.
Clamei pela
brisa, gritei pelo vento,
respondeu-me
a tempestade desabante
deixando o
lamento nos lábios secos e gretados.
Se havia dor,
estava entorpecida.
Se havia
vazio, onde estava o silêncio?
E as pérolas
juntavam-se
num colar
translúcido que me sufocava.
Era
madrugada, mas não havia um novo dia.
Jorge d'Alte
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