terça-feira, 6 de novembro de 2012

ERA MADRUGADA














A madrugada estava zangada,
crescera cinzenta em rolos de névoa.
Estendi os braços aos céus
tentando rasgar esse denso véu
que me aprisionava na solidão.
Caí de joelhos na mágoa sentida.
O céu estalara como alma minha,
deixando cair estrelas douradas a meus pés
desfeitas e sentidas, escorrendo pelas fendas abertas
roendo a terra virgem, onde nada germina.
Clamei pela brisa, gritei pelo vento,
respondeu-me a tempestade desabante
deixando o lamento nos lábios secos e gretados.
Se havia dor, estava entorpecida.
Se havia vazio, onde estava o silêncio?
E as pérolas juntavam-se
num colar translúcido que me sufocava.
Era madrugada, mas não havia um novo dia.


Jorge d'Alte

Sem comentários:

Enviar um comentário