sexta-feira, 13 de setembro de 2024

CHARRO

A noite nascia no pôr do sol
caminhando pesarosa para me estrangular.
Esse era o meu medo na roleta de tantos
e nem a lua gorda no se manto branco
me distraiu da tristeza, da solidão, do copo
esquecido numa mão gelada de suores frios.
Gemi na surdina do silêncio no abafar dos pios
estava só no meio das sombras marionete dos desejos.
Pensava eu que eram sonhos este abafar sem cor
formigando no meu ser como se fosse beijo
mas não era
seria se fosse magia
uma pele nua
uns mamilos espetados
um corpo teso e enrolado
uma confusão de pernas e braços
uma língua que explora.
Sacudi a cabeça sem energia tentando afastar as sombras
eram medos e medinhos fios que me prendiam nessa noite.
Acendi um cigarro
aspirei o fumo
soprei-o na aflição
num fumo enrolado
um sonho encantado que me tornou luz
e sem me conseguir apagar fiquei ali pregado
atiçado como tição até ser apenas a cinza de um charro.


Jorge d'Alte

Sem comentários:

Enviar um comentário