domingo, 1 de outubro de 2017

UM CÉU SEM ESTRELAS








Os olhos fugiam escorregando nos escolhos
Traziam a luz da alma no brilho das pupilas
Era o medo perene adormecido que acordara
E as pernas viam o caminho traçado e corriam
As mãos surgiram na boca expurgando o grito
Morreu como surgiu nos lábios ressequidos
Rasgou o peito amordaçando-o
Estremeceu na barriga como lamento
A ponta da morte sorriu violentamente
Na dor que trespassou e não morreu
E os olhos que viram cegaram
As pernas que correram se aquietaram
As mãos fortes caíram flácidas
Os lábios arroxearam no último lamento
E o sopro não voltou como o vento norte
Forte, Vivo, arrasador
A geada não cantou nessa madrugada
Nem as flores sorriram num novo dia
A noite continuou por aí fora - perene
Num novo céu sem estrelas



Jorge d 'Alte



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