quinta-feira, 2 de junho de 2022

Antes da noite há o burburinho das estrelas a nascer
há o crepúsculo pardo onde nem tudo é o que é.
Há as vozes sussurrantes onde os pássaros já não cantam
há luas de mil caras e tu sorrindo sonhos que não vês mas sentes.
Há o rio dos desejos fervilhando pelos escolhos do corpo teso
há beijos e beijos como canção e lábios lambareiros do amor
Há olhos cegos perdidos na paixão há promessas de sim e não
Há portas que se batem sem eco de volta, corroídas de mágoas e tristezas
há fechares de olhos, medos fantasmagóricos cercados como caprinos
há campos ai onde nos sentamos eu e tu as flores e os trigais
há o vento abrasante que nos leva como folhas no auge do cio
Mas há também as manhãs cediças que nos arrancam do sono
que nos dão a realidade frigida e nos separam depois no tempo que nunca acaba.



Jorge d'Alte

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