sexta-feira, 13 de junho de 2014

CICATRIZ











As cicatrizes que trago rarefeitas
são escrita que a minha boca calou,
embalsamadas no corpo erguido
como pedra basáltica do coração,
que não vejo.
Viajo meu sonho alucinante
do qual me desperto
quando a rolha da felicidade salta
e o abismo se abre a meus pés,
em corolas de dores perfumadas,
pétalas de lágrimas que caiem
no chão desgastado como velho
e varridas pelo vento como brasas
do inferno.
E que vejo eu?
O peito retalhado onde o sangue é despeito,
o queimar dos sentimentos
que desejo,
o vergastar da crueza que rejeito,
a sombra da solidão que cai como crepúsculo,
traçando no meu céu etéreo e aberto
como meteoro;
a cicatriz no coração!




Jorge d'Alte


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