quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

JOTA (Maria João)








                                                          
Jota!
Até podias ser tu!
Vá lá! Olha bem esse espelho,
mas sem o quebrares.
Não faças essa cara,
apenas entra no jogo,
talvez se mudares um pouco o penteado,
porque não mudar a sua cor?
Talvez eles possam cair
sobre esses ombros, tostados
por solares de fim de semana...
ou na sua pequinês apenas te abrigar
o rosto, como mãos que te afaguem.
Talvez...Mas porque não haver sorrisos?
Sim daqueles que nos fazem sofrer,
porque são de outros e não nossos,
daqueles que nos entram na alma,
e depois descarados, inventam os nossos sonhos.
Podia ser olhar, que nos olha como sente
e neste poço profundo, dizer-nos que não mente.
Sim! Podias ser esse corpo franzino,
branco ou bronzeado,
mas que dance connosco
e não com a nossa sombra.
Essa pele que esvoaça como cega traça
em volta, revolteando um coração,
que chora suor em horas curtidas, de maresias surfadas,
ou de amores agrestes, quebrados por fundas ravinas.
E se fosses lágrima?
Pérolas só de alegria, que limpamos com a ternura
e as enrolamos em baús estanques,
feitos de promessas e sentimentos,
que levitam o nosso ego,
pois agora somos mais, do que éramos.



Jorge d'Alte

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