sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

BRISA








Brisas enrolam, corpos de ciprestes
duros e secos de luas e luares.
Evolam-se aromas de suores
que queimam entranhas devastadas
correntes de lava que desmaiam
pus que purga na alma
qual ferida que se quer
que se abre salgada como onda
que se espreme em corpos tensos
e no profundo se forma
raiando nossos olhos
perdidos em florestas de pélvicos
e de sedosas peles
tão macias nos dedos rubros
que dedilham músicas de marfim
em nucas carentes que se tornam festins
de lábios que não sabem
se sorrir se oscular.
Sons que fazem sentido
quando juntos no gemido.
Leva-os a brisa a pairar
gaivotas de peles douradas
buscando no infinito
um lugar aconchegado
esperando que esse pôr finado
não leve os sonhos na brisa.

Jorge d'Alte



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