As peles enroladas como lençóis de seda suada
Gemiam como ondas sufragadas na paixão.
A cara não tinha corpo, como o corpo não
tinha alma
Mas o coração era fogo aqui mesmo devorando
teu corpo de lava
Derreti todos os sentires e moldei-os com
lábios e seios
O abismo abriu-se tragando o tutano entre
púbicos enlaçados
Caí!
Voei!
Asas translúcidas e coloridas como bolas de
sabão....
Tentando agarrar o sonho fugidio com o sabugo
das unhas
Abri feridas rasgando peles como trapos
velhos traçando rasgos vermelhos
Senti esse sangue quente gelar o meu peito
quando atingi
Nunca soube porque morreste sonho meu quando
o céu estava mesmo ali
Quando tudo o que sonhei não aconteceu
E de olhos abertos me perdi de novo
Mordendo a madrugada com a raiva engasgada
Molhando meus olhos com gotas frígidas de
orvalhada
Cavando nas faces doridas ravinas e abismos de
desespero
Porque o sono trouxera o sonho e o sonho fora
meu e só meu
Me dera de mão beijada o perfume desses anos
adolescentes
Esses sorrisos macabros e perdidos que agora
me doem
Essas gargalhadas de outrora frescas que se
esfrangalham na memória
Esse calor perdido no gelo da vanglória
Que foi amar por amor o amor de amar!
Jorge d'Alte
Sem comentários:
Enviar um comentário