Descendo a calçada
lá vem
um anjo na madrugada
de cabelo ao vento
um torvelinho.
Tonto há pouco sonhava
esses sonhos noctívagos
onde abraçados nos demos
embebecidos e modorrentos
no beija beija
no beija aqui
no beija ali e pronto
as mãos tinham que vir
desafiadoras agressivas
no passa aqui passa acolá
e a voz melodiou rouca
Afinal ela era toda seios
boca sem papas na língua
beijava-me onde estava o desejo
e eu não me queixo
pois a poesia era paixão e tesão
e rimava junto no calor dela e na minha ânsia.
As sombras sem estrelas abusavam de nós
faziam-nos fintar os medos como crianças
até que o crepúsculo vespertino nos arrancou dos linhos.
Descendo a calçada
lá vem
um anjo na madrugada
leva o meu sorriso no seu
alma desfolhada que se deu.
Jorge d'Alte
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