sexta-feira, 15 de março de 2024

APAIXONADOS

Descendo a calçada 
lá vem
um anjo na madrugada
de cabelo ao vento
um torvelinho.

Tonto há pouco sonhava
esses sonhos noctívagos
onde abraçados nos demos
embebecidos e modorrentos
no beija beija 
no beija aqui 
no beija ali e pronto
as mãos tinham que vir 
desafiadoras agressivas
no passa aqui passa acolá
e a voz melodiou rouca
Afinal ela era toda seios
boca sem papas na língua
beijava-me onde estava o desejo
e eu não me queixo
pois a poesia era paixão e tesão
e rimava junto no calor dela e na minha ânsia.
As sombras sem estrelas abusavam de nós
faziam-nos fintar os medos como crianças
até que o crepúsculo vespertino nos arrancou dos linhos.

Descendo a calçada
lá vem
um anjo na madrugada
leva o meu sorriso no seu
alma desfolhada que se deu.


Jorge d'Alte

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