terça-feira, 12 de março de 2024

GRANIZO

Hoje caiu granizo de um céu que não é meu
plúmbeo aterrorizador como bocas ao redor
palradoras de falsos estigmas que tudo destroem 
e eu perdi-me numa cabra cega tonta
Os trilhos que eu percorro já não são
estão brancos da cor do linho mas qual é o caminho?
Como catavento o vento castiga meu corpo masoquista de amor
Abana-o num rodopio onde o norte é o sul o este e o oeste o vazio
E ali fico abananado como parvo pasmado
contando as gotas que se derretem nos meus olhos
tentando contê-las no absurdo.
È surdo o absurdo e opaco como o negro
Alma desgraçada plena de medos que  me enxota do edem
me prega no pecado quando a boca se beija vermelha e brejeira
cheia de cios e tremelejos e de se dar.
Por aí deve estar ela e o inferno pois amo-a como mel no desespero
e tudo o que eu quero ela dá num dia imperfeito antes do granizo.


Jorge d'Alte


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