Era um sorriso
Sorriso malicioso
prometia montes de tempestades.
A madrugada marejou-se.
Pequenas gotículas de orvalho
rebentavam no passo lasso.
Pernas torneadas de basalto
num corpo bem abonado
pararam na sombra que caía sobre ele.
Mortificaram-no com os seus dedos que escorreram
fugindo em várias direções
pelo corpo dele arrepiando a pele e os pelos
pelo meio das pernas trazendo o prazer.
Tinha havido sol naquele sorriso
o dia passava e eles nisto.
A lua esbofeteou-os de súbito; um capricho.
Ergueu-se majestosa quando os apertou no seu halo;
era de leite, tal como o que escorria dos corpos.
Estavam ardentes e o coração sabia
por isso cantava gemidos antes dos beijos.
A noite tinha estrelas que não contaram
e ondas de mares quando a maré encheu.
Foi aí nesse deleite que se amaram
quando a noite desceu corrida pela alvorada
e os sonhos acordaram trazendo de novo sorrisos, saciados.
Jorge d'Alte
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