terça-feira, 4 de julho de 2017

O TLIM






O tlim caiu no boné do chão
como pinga chuvosa que dá vida ao solo.
O cheiro de pão fresco era outro som
que redemoinhava cá dentro,
como gases no estômago vazio.
Algures numa qualquer abadia,
o tlim era barulhar de talheres.
(que esta refeição, seja repartida pelos pobres deste mundo)
Lançada a bênção numa imaginativa cruz,
contente o abade, mais o padre, mais o bispo,
escorriam baba incontida no guardanapo,
em bochechas tintas do inebrio.
Na cidade das decisões, o tlim tocou noutro tom,
entrou num bolso roto
que a ganância furou.
(Luvas e sacos verdes inventou)
Sonhava megalómano TGVs e afins,
ficar na história como herói da altivez.
O banqueiro, esse tlintava esfregando as mãos.
Tantos tlins que choviam mas que não molhavam o chão,
caíram como rios inundando contas.
(Spreads, juros e penhoras ordenou)
A puta da rua escura o tlim colheu.
Meteu-o no meio de mamas e assim cresceu.
O fisco que se foda, pois aqui quem fode sou eu!
(Hiv, siflis e outros pratos serve sem qualquer controlo)
O maroto do tlim não mais tlintou.
O boné vazio, o pobre olhou.
O abade benzeu-se, o diabo do tlim bazou.
O político danado ao tlim decretou.
O banqueiro para tlintar, juros aumentou.
A puta de pernas abertas ao tlim blasfemou.
Por fim o tlim foi-se como veio,
já não é som que tlinta,
agora é remedeio na barriga aflita
e a mão estendida é toda uma nação.
Porque um dia os políticos acordaram,
gostaram deste som e enfardaram
e tlim para ali e tlim para acolá,
e agora a merda do tlim, já não há.


Jorge d'Alte






                                                                   

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