domingo, 20 de outubro de 2013

DOZE ANOS

Ruas traçadas no casario
deslizavam em ladeiras de pedras
desgastadas e cinzentas
A rua perfeita, sinuosa como teu corpo
levava-te apetitosa ao encontro.
O campanário torto na sombra disforme,
agigantava-se no chão em sinos badalados
chamando; como ovelhas e cabrinhas correndo
para o pasto.
Lá iam!
O encontro ficava ali entre as meias badaladas
e a bênção.
Os pés apertados em sapatos de verniz saltitavam de dor
fazendo abanar a saia rodada crivada de flores.
A esquina olhava-te pelos meus olhos de garoto.
Alisei o cabelo penteado para trás
pus uma mão no bolso dos calções
e a outra apertada atrás das costas
segurando.
As minhas sandálias desgastadas
levaram-me até ti.
O saltitar parou-te
um sorriso iluminou-te
o meu envergonhou “queres casar comigo?”
Estendi o ramo de papoilas e malmequeres
murchos no calor.
Demos as mãos
e entramos na igreja!


Jorge d'Alte


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