quinta-feira, 8 de outubro de 2020

MOMENTO

 

Tinham chegado ainda a madrugada se via lenta
Cortando sombras e redutos de escuridão.
A luz que morrera no dia dantes
Ressurgia teimosa pelo alto dos montes
O ribeiro tortuoso espelhou sereno
Como serenos eram os olhos deles.
Afinal a morte cheirava-se por ali
Difusa nas dores dos que gritavam ainda.
Ele era como Ela " a morte"
Massacrara a família com palavras escritas na raiva
Fugira e agora matava, porquê meu Deus?
Nunca conseguira perceber porque morria ainda
O enlace fora longo e auspicioso
Com beijos cheios de ela e dos putos birrentos.
Tinham cantado Natais de família e erguido taças ao novo ano.
Mas este veio astuto e dissimulado arrancando a verdade das almas.
Nada restara...
Somente a saudade ficara engordurada no corpo dele.
Pensara que a água das orações o libertaria dessas memórias
Mas por mais que lavasse, a espuma voltava vívida.
Escutou um barulhar seráfico de uma arma a engatilhar...
Percorreu essa luz onde ela corria com ele
Levando os putos misturados nas sombras.


Jorge d'Alte


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