sexta-feira, 2 de outubro de 2020

O SABOR DA CORDITE

 

Hoje cheguei a terras de altos e baixos.
Derretendo-se no cimo dos cumes carecas a borrasca assustava.
Vem sorrateira na voz do vento e em vez de murmurar ruge de insatisfeita
Com mil raios faz o trovão, essa voz que assusta meninos e o ancião.
A minha soberba deve ter atiçado os gelos celestiais que desciam desse céu de plúmbeos mates tentando-me dardejar
Recolhi-me no meio das preces rezadas em coro por vozes velhas, roufenhas, e pequeninas.
O medo pairou por ali aflito e angustiado
Afinal a morte passara bem perto deixando no ar o sabor da cordite.

Jorge d’Alte


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