quinta-feira, 11 de novembro de 2021

O FIM DOS TEMPOS

Olhei este céu
A chuva já não cai
A lua não se vê
A neve já não é branca
antes uma mancha pardacenta
roendo as montanhas.
O frio come-nos os ossos
queimando-nos como bifes
Tudo é silêncio porque o vento já não brisa
apenas as memória do que antes era 
do que sempre fora e já não é.
Olhei este céu e não vejo as estrelas parindo
como não vejo os arco-íris
muito menos o pote com moedas de ouro.
Para que serviria?
Digam-me lá?
Se já não há cidades nem mercados
nem lares nem famílias
apenas nos resta esgravatar a terra 
e comer os bichos como galináceos
Lembro-me dos ouvidos moucos e dos olhos cegos
que na ganância dos dinheiros e do poder nos lixaram.
E foi assim que tudo terminou
a Terra enraivecida purgou
escureceu
ferveu lavas
e a água mingou
as guerras vieram prazenteiras
cheias de morte
ao deus dará
deixando-nos neste paraíso outrora azul
lixados entregues á nossa sorte.


Jorge d'Alte










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