segunda-feira, 15 de novembro de 2021

SONHO ESTRANHO

O outono dos mil tons, das folhas voando
faz crescer o inverno dos frios desgarrados
das tormentas chuvosas e da alvura da neve.
A lareira cheia de lume aquece os corpos
deixando-os sonolentos, sonhando.
Ela estava ali mesmo á mão, penteando-se
depois do sabão. Pele alucinada pelo perfume
tragava as palavras que não saíam dos seus lábios
de rosa. Ela era eu no espelho e eu amava-a 
como a mim mesmo com vontade indomável de a beijar.
O sonho crescia no meio do vapor da água quente
fugidio como sonhos, inalcançáveis 
como a água que por mim escorria e pingava
As lágrimas saltaram quando tu vieste da névoa
Sebastião da minha vida.
Sorrias tu, sorria eu
e no teu sorriso eu te beijei.
O sonho acabara quando me levaste ao colo
me depositas-te no chão e nós nos amamos
junto á lareira cheia de calor, no meio da neve gélida
deixando os tons de inverno e as folhas para trás.


Jorge d'Alte

Sem comentários:

Enviar um comentário