terça-feira, 23 de abril de 2024

SEMPRE NOS AMANDO

Não foi o galo
Não foi o sino
acordei quando a senti
levantar-se levando com ela
a noite até ao dia.
Como era linda com face de madrugada
sentada agora no degrau da escada
pensativa num sorriso irónico
olhando os campos ainda com geada.
Olhou-me numa interrogação muda
convidou-me com o eco da montanha
num furtivo sorriso malandreco.
Sentei-me e dei-lhe a mão travessa
acariciei-a e senti-a reviva
beijei-a como beija flor.
O leque abriu-se num arco iris sem cor
os sentimentos fugiram até á boca
perduraram ali colados em paixão
até o sangue acerbar a ansia do coração.
Largou-me correndo maliciosa
até nos encontramos no futuro
rugosos e lamechas
mas sempre nos amando.


Jorge d'Alte

Sem comentários:

Enviar um comentário