Muito tempo vivi nas trevas
ajustei os olhos até elas serem minhas
meus olhos cegos conseguiam ver
esse mundo que trazemos escondido
essa amargura que nos destrói.
Gostava de ser uma borracha
que apagasse essa tristeza desse olhar
ver a cor desses olhos brilhando nos meus
ver o sorriso desenhar-se nesses lábios
ver a alegria pular como pardalito
num leque perfumado de sentires.
Perco a respiração quando a almejo
calçada abaixo como gaiata
Sinto que estou a desaparecer dos seus olhos
talvez porque vivo nas trevas
é assim que o seu olhar acaba
morrendo no negrume até que um dia
eu vença esse escuro sacuda minhas folhas secas
saque das raízes o amor e viva.
Jorge d'Alte
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