Quando nasci chamaram-me de anjinho
mas sem asas como poderia voar neste céu
onde dizem que eles voam numa dança que é só deles.
Seria que tinha asas mas que não as via por serem translucidas?
Fiz perrice diante de Deus e fiz as minhas asas com papel e trapos.
Subi a montanha que me deram e chamaram-lhe vida.
Havia por ali horizontes que eram os meus sonhos
havia um que me punha as pernas moles e o coração a bater
Era feito de luz
era feito de dor e paz
era feito de amor.
Soube então que não era anjinho
que não tinha asas por pecar
que não podia cirandar pelos céus
que tinha algo que muitos não tinham
Coração a vibrar
amor para viver
e quando a morte sobrevier
Asas para voar.
jorge d'Alte