quarta-feira, 19 de junho de 2024

NUNCA CONTEI OS MEUS PASSOS

Nunca contei os passos
que me levaram ao pôr da vida.
Vivo agora no crepúsculo
até que a noite eterna me recolha.
Contei sim as alegrias e os sonhos.
As alegrias ficaram nas nuvens que criei
ilhas e ilhas de extrema felicidade
que vogam no tempo como passado. 
Não tenho medo não tenho sombras.
Nasci das lágrimas quando gritei
e logo aí dei o meu primeiro suspiro
há de ser igual ao meu ultimo
também gritarei no absurdo
e as lágrimas secarão no gelo.
Houveram sonhos no permeio
esgrimi-os no campo da realidade.
Uns eram amores que amei de verdade
outros eram sonho sem realidade
outros eram apenas sonhos.
Acordei todos os dias a pensar
que amei mais do que ontem
criei memórias e palavras que bordei.
O coração está cheia delas 
correm-me no sangue 
correm nas savanas e nas estepes.
Levaram-me nessa nau até ao fim dos fins
depositaram-me neste crepúsculo
como alma como musculo
como áurea que  tremelica
tremelica e tremelica 
até que um dia se apague.


Jorge d'Alte





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